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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

15ª Semana – Sexta-feira – T.C.

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Mt 12, 1-8

“… o Filho do homem é Senhor do sábado”.

 

Assim como foi transmitida por Moisés, o repouso do sábado era uma lei cheia de bom senso e profundo valor teológico.

 A mesma lei convida Israel a celebrar a senhoria de Deus, Criador e Senhor, que havia libertado o povo da escravidão do Egito, consagrando a Ele um dia da semana.

 Além disso, o tal repouso também destaca a dignidade dos filhos de Deus. Ao contrário do escravo que trabalhava continuamente e ininterruptamente, o filho repousava. Assim, a norma também definiria o sentido da pertença a filiação divina .

 Mas, essa perspectiva, como acontece frequente na natureza humana, desvirtuou-se e transformou-se na exterioridade, hipocrisia e exagero. Para o cúmulo, criou-se regras precisas que determinavam até os passos a serem dados no sábado e as atividades permitidas.

 Eis que Jesus recordando aos seus ouvintes e opositores o valor do discernimento saudável, que dá primazia ao homem, os faz lembrar de um caso semelhante, no qual Davi e os seus companheiros se alimentaram de “pães da proposição, que não era permitido comer”, isto é, pães consagrados à oferta do templo (cf. 1 Sm 21, 4-8).

 Não é que a lei não seja importante, é necessário sublinhar o seu coração, ou seja, a observância do que mais importa: o amor.  Trata-se, portanto, de penetrar bem no significado dessa expressão do Antigo Testamento: “Eu quero misericórdia e não sacrifício” (Os 6,6).

 Deus, como nos conta o Livro do Êxodo, revelando-se a Moisés, se define assim: “o Senhor, Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel” (34,6).  Em outros textos, também encontramos essa fórmula, com algumas alterações, mas a insistência é sempre colocada na misericórdia e no amor de Deus, que nunca se cansa de perdoar (cf. Gn 4,3; Gl 2,13; Sl 86,15; 103,8; 145,8; Ne 9,17).

 Sendo assim, Deus, infinitamente bom e compassivo, une a Si tudo que está na ordem da misericórdia, da atenção ao próximo e não um legalismo frio e sem alma.  Daí que, se uma norma feita para dar glória a Deus acaba por mortifica-Lo, é óbvio que algo não está funcionando.

 Portanto, a palavra de Jesus mantém: o homem deve ser colocado antes de todas as leis e normas.  Considerar isto em segundo plano é ofender a Deus, Criador e Pai.

Eu quero misericórdia e não sacrifício” – que o Senhor não se canse de fazer ecoar esta frase nos nossos corações e tenha piedade de nós.

Boa meditação e bom fim de semana, caríssimos. JB