Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

17ª Semana – Sexta-feira – T.C.

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Mt 13, 54-58

De onde lhe vem esta sabedoria… Não é Ele o filho de…, irmão de… De onde lhe vem, pois, tudo isto?

 

Jesus, filho da terra, que “os que estavam na sinagoga” conheciam desde infância, não podia ser Deus. Assim pensariam eles: “Ele não podia ser Messias. Impossível… Deus não podia ser carpinteiro, nem teria irmãos e irmãs entre nós, ou ser o nosso colega de carteira cá na aldeia”.

Pois é, “um profeta só é desprezado na sua terra e em sua casa”. O povo de Nazaré não aceita o mistério de Deus presente no homem comum, como conhecia Jesus. Para poder falar de Deus, Ele tinha que ser diferente. E daí, vão do espanto e aplauso à desconfiança e rejeição.

Caríssimos, quando o coração não ora, se torna duro e se orgulha. E, a propósito, o Papa Francisco afirmou o seguinte: “Deus não se conforma com os preconceitos. Devemos esforçar-nos por abrir o coração e a mente, para acolher a realidade divina que vem ao nosso encontro” (Angelus, 08.07.18). 

Em vez disso, as pessoas, que deveriam ter sido primeiras a aceitar a Boa Nova, são primeiras a se recusar em aceitá-la.

Como não repreender essa gente de Nazareth, que já está em desvantagem, vivendo em um dos lugares mais remotos da Palestina.  E nós não ficaríamos atrás, também teríamos reagido dessa maneira – “mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!”.

E Jesus se torna motivo de escândalo porque não desempenha o papel do homem santo, não repete o que escribas e fariseus dizem, em suma, não se adapta ao clichê esperado.

Quão difíceis e complicados somos nós, humanos!  Às vezes corremos o risco de fechar os nossos corações ao evangelho por causa da presunção e preconceitos para com quem o anuncia. Talvez, infelizmente, por causa da sua pobreza ou sua incoerência, pomos em questão a sua própria pessoa. É fácil criticar um discurso, uma homilia e, sobretudo, quem os profere!

Quem somos nós para julgar os outros, “indignos servos” de Deus? Ademais, o dom de Deus também pode passar por “mãos sujas“.  Não confundamos o dom de Deus com as mãos que o passam, não julguemos o livro pela sua capa!

Como pecadores, com as nossas fraquezas, imperfeições e limites, somos convidados apenas a ser testemunhas crentes, credíveis e fiéis.  Nada como a fidelidade à vida de fé possa criar discípulos.  Não procuremos álibis para nossa preguiça ou fuga.

A vida de fé é importante demais para que uma presunta fofoca sobre uma pessoa ou ressentimento possam nos tirar o alimento espiritual.

Saibais disto, amigos: depois de dois mil anos, existem ainda aqueles que censuram Jesus por não ter tido visibilidade suficiente.  Mas é exatamente isso que Ele quer.  Até os seus milagres são reduzidos, pois podem se desviar de uma fé madura.

Que o Senhor tenha piedade de nós e faça com que estejamos sempre disponíveis à sua Palavra, livrando-nos dos preconceitos e presunção aquando da sua escuta.

Boa meditação, caríssimos. JB