Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

24ª Semana – Quarta-feira – T.C.

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Nossa Senhora das Dores

Jo 19, 25-27

Depois disse ao discípulo: eis a tua Mãe…

 

Depois de ter feito memória da Cruz do Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual o Amor, cheio de dor, é exaltado, hoje a Igreja celebra a Nossa Senhora das Dores, Mãe, trespassada pela espada da dor aos pés da Cruz do seu Filho.

Pois, aquele Filho, homem pregado e moribundo com os braços bem abertos num abraço ao mundo, se esquece de Si mesmo e se preocupa com quem O acompanha: a mãe e o amigo João, seu “discípulo predilecto”.

Na verdade, se perscrutarmos bem o presente evangelho, constataremos que o mesmo gira em torno de uma palavra central, repetida cinco vezes: “mãe”. Mais do que a dor, o ponto crucial remonta à maternidade.

Esta é transferida de Jesus para João – “… Mulher, eis o teu filho”, e depois multiplicada por João a cada discípulo – “… discípulo, eis a tua mãe!” -, e nós a recebemos na nossa vida, o dom supremo de um amor sem igual, neste momento culminante da Paixão de Jesus.

E aqui, a dor da agonia se transforma na dor do parto. E o último suspiro da vida de Jesus moribundo se cruza com o primeiro respiro do novo ‘filho’ que está nascendo.

Maria, que está prestes a perder o Filho, volta a ser mãe: “… Mulher, eis o teu filho!”. São Bernardo, abade, no seu Sermão, dirá: “Oh que permuta! … o servo em vez do Senhor, o discípulo em vez do Mestre, o filho de Zebedeu em vez do Filho de Deus, um simples homem em vez do verdadeiro Deus” (Discurso no Domingo entre a oitava da Assunção 14-15, séc. XII).

… Eis o teu filho!” Estas são as palavras que ligam cada um de nós a Maria Santíssima, graças ao amor de Jesus, fazendo-nos introduzi-la na casa dos nossos corações: mãe e mestra do cristianismo vivido.

E já é Páscoa. Isso se faz sentir na maternidade de Maria que retoma o seu percurso no mundo e se torna eterna. Pois, “… discípulo, eis a tua mãe!”, palavras de Jesus que também são para nós, seus discípulos, um apelo a não ficarmos somente nas lágrimas e choros.

Cardeal Carlos Maria Martini, de feliz memória (1927-2012), na sua última Carta Pastoral como Arcebispo de Milão, teria escrito: “O que nos dizes, ó Maria, do silêncio de Sábado Santo que te envolveu toda? Ouço-te repetir com um suspiro a Palavra do teu Filho: ‘É pela vossa perseverança que conseguireis salvar a vossa vida!’ (Lc 21,19)”.

Que o Senhor mantenha viva nos nossos corações a memória de Maria sua Mãe, que seja preciosa ajuda para viver com Ele também aquilo que, às vezes chorando de dor, nos faz amadurecer e crescer no amor.

Boa meditação, caríssimos. JB