Lc 9, 51-56
“… Tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém”.
Jesus é firme e determinado. Inabalável, Ele vai diretamente a Jerusalém, a Cidade Santa “que mata os profetas” (Lc 13,34). Portanto, Ele sabe muito bem que ali Lhe atende uma cruz.
Mas, como muitos profetas e o próprio João Batista, o Senhor enfrenta a rejeição. E hoje a afronta é por parte de uma aldeia samaritana, passagem necessária para chegar a Jerusalém.
Os discípulos caminham ao lado d’Ele, mas não com Ele. E mesmo que fiquem indignados diante dessa afronta, não entendem que também rejeitam aquele Jesus que se mostra vulnerável ao falar-lhes da sua paixão e morte.
Tiago e João, em particular, dentro de uma lógica de poder mundana, se sentem que podem invocar um fogo do céu para “destruir” aqueles que se opõem a eles: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?”
De fato, ainda sonhando com um Messias forte e vitorioso, não conseguem compreender um Deus que se faz carne para viver entre os homens em serviço humilde, a ponto de dar a vida por eles – “o Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção dos homens” (Mc 10,45). É preciso lava-pés na Última Ceia, a crucificação e a ressurreição para fazê-los entrever quem é Jesus.
No entanto, Jesus os repreende. E é uma repreensão também para todos nós, que muitas vezes somos incapazes de segui-Lo no caminho para o Calvário, e depois nos tornamos intransigentes para com aqueles que experimentam as mesmas dificuldades que nós; a nós que, muitas vezes, basta as primeiras dificuldades para abandonarmos tão logo a fé, porque ela se tornou mais exigente.
Caríssimos, São Paulo diz-nos na sua Carta aos Filipenses: “quanto a Cristo, vós foi concedida a graça não só de crer n’Ele, mas também de sofrer por Ele” (Fl 1, 29). Portanto, amar a Cristo também significa saber compreendê-Lo, principalmente no caminho do Calvário, pois isto também se insere no seu seguimento.
Ademais, aqueles que decidiram ir atrás d’Ele, devem renunciar as coisas deste mundo e deixar de se nutrir com vãs aspirações. Eles sabem que não pertencem mais a si mesmo, mas ao Evangelho. A propósito São John Henry Newman disse: “não olhe se o caminho é estreito ou difícil, mas apenas aonde ele leva”.
Portanto, não nos deixemos bloquear pela nossa natureza limitada, sigamos Jesus, vale a pena, é Ele o modelo a seguir, a fonte de todos os bens e verdadeira felicidade.
Com efeito, depois do seu fim, que é o confim, Ele nos abre para a Ressurreição. Ele abre os nossos olhos para vermos n’Ele a pequenez de Deus que é sua verdadeira grandeza.
Boa meditação, caríssimos. JB