S. Jerónimo, Pastor e Doutor da Igreja (séc. IV-V)
Lc 10, 1-12
“… Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobo …”.
Ao convidar e envolver um bom número de discípulos (72) na missão, Jesus também lhes manifesta o motivo do seu premente convite: “a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”, isto é, as pessoas para as quais são enviados não é um grupo pequeno, mas sim uma multidão para se converter ao Reino.
O Senhor, porém, ao enviá-los, não os ilude com promessas de vida confortável e sucesso imediato, não esconde os perigos da missão, e lhes diz abertamente: “vos envio como cordeiros para o meio de lobos”. Afinal não é nova a dificuldade de anunciar a palavra de Deus e professar a fé, pois já requeria muita coragem, e comportava consigo também a rejeição.
São João Crisóstomo ao comentar esta passagem do Evangelho, disse: “… enquanto formos cordeiros, venceremos, e mesmo que estejamos rodeados de numerosos lobos, seremos capazes de vencê-los. Mas se nos tornarmos lobos, seremos derrotados, porque ficaremos sem a ajuda do Pastor. Na verdade, Ele não pastoreia lobos, mas cordeiros” (Homilias 33, 1. 2). Portanto, que sejamos nós mesmos e com o nosso olhar fixo no Senhor, o nosso Pastor, que nada nos faltará (cf. Sl 23,1).
E depois, Ele sabia muito bem que não é fácil para o “cordeiro” mudar a vida ao “lobo”. E tudo se tornaria ainda mais difícil se tais “cordeiros” se apresentassem sem “bolsa nem alforge nem sandálias”. A sua única força é o amor, portanto ser cordeiro e amar.
São Jerónimo costumava dizer: “o amor não conhece regras”. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo – o nosso testemunho -, se torna um poder para que possamos conquistar e operar em todos os corações, incluindo os de lobos, pois “está perto o reino de Deus”.
Além disso, o Senhor é “nossa paz” (Ef 2,14). É tão “nossa paz” que, quando estivermos para entrar nalguma casa, Ele quer que nós (seja pela voz ou pela mente, dependendo da sensibilidade de quem ali mora) expressemos este desejo: “Paz a esta casa”. Sim, Ele já tinha dito: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).
Que o Senhor nos sustenha com o poder do seu Espírito, para que nunca tenhamos vergonha da nossa fé, mas a professemos em Seu nome com toda franqueza diante dos homens, para sermos reconhecidos por Ele no dia da sua vinda.
Boa reflexão, caríssimos. JB