Lc 10,38-42
“Maria escolheu a melhor parte…”
Maria de Betânia e Jesus estavam em total harmonia: Ele para dar, ela para receber. Ambos felizes: Ele por ter conhecido um coração que escuta, ela por ter um Rabi diante de si.
O coração de Maria se alimentava do silêncio de Deus e ela acabou por compreender em que profundidade a Palavra pode ser escutada e guardada (cf. Maurice Zundel, sacerdote, teólogo e filósofo suíço, 1897-1975).
“Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas…”. Com esta chamada de atenção afetuosa, Jesus não quer contrastar a contemplação de Maria com o ativismo de Marta. Na verdade, eles representam a imagem do discípulo perfeito que acolhe o Senhor em sua casa, na sua vida e O serve.
Pois, não há meditação que não resulte em ação. E é igualmente verdade, um serviço que não extraia a sua força da oração se torna estéril: “Mostra-me a tua fé sem as ações, que eu te mostrarei a minha fé a partir de minhas ações!” (Tg 2,18).
Então, com a admoestação “andas inquieta e preocupada”, Jesus contesta não o seu servir, mas a sua inquietação e angústia; não o seu coração generoso, mas agitação. E são palavras nas quais todos nós podemos nos identificar: tenhamos cuidado com o “demais” que se vislumbra nas nossas vidas, o “demais” que pode nos sufocar, o “demais” que tira a nossa liberdade e nos distrai da devida atenção que somos chamados a dar ao próximo.
A este respeito, comenta o Papa Francisco: “no seu afadigar-se e cansar-se, Marta corre o risco de esquecer — e é este o problema — o mais importante, ou seja, a presença do hóspede, que neste caso era Jesus. E o hóspede não deve ser simplesmente servido, alimentado, cuidado de todos os modos, é necessário sobretudo que seja escutado. Recordai-vos bem desta palavra: escutar!” (Angelus, 17.07.2016).
Que Ele nos ajude a ter um coração que adora e escuta, como Maria, e uma disposição para servir o próximo como Marta.
Boa meditação, caríssimos. JB