Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

27ª Semana – Terça-feira – T.C.

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Lc 10,38-42

Maria escolheu a melhor parte…

 

Maria de Betânia e Jesus estavam em total harmonia: Ele para dar, ela para receber.  Ambos felizes: Ele por ter conhecido um coração que escuta, ela por ter um Rabi diante de si. 

O coração de Maria se alimentava do silêncio de Deus e ela acabou por compreender em que profundidade a Palavra pode ser escutada e guardada (cf. Maurice Zundel, sacerdote, teólogo e filósofo suíço, 1897-1975).

Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas…”.  Com esta chamada de atenção afetuosa, Jesus não quer contrastar a contemplação de Maria com o ativismo de Marta. Na verdade, eles representam a imagem do discípulo perfeito que acolhe o Senhor em sua casa, na sua vida e O serve. 

Pois, não há meditação que não resulte em ação. E é igualmente verdade, um serviço que não extraia a sua força da oração se torna estéril: “Mostra-me a tua fé sem as ações, que eu te mostrarei a minha fé a partir de minhas ações!” (Tg 2,18).

Então, com a admoestação “andas inquieta e preocupada”, Jesus contesta não o seu servir, mas a sua inquietação e angústia;  não o seu coração generoso, mas agitação.  E são palavras nas quais todos nós podemos nos identificar: tenhamos cuidado com o “demais” que se vislumbra nas nossas vidas, o “demais” que pode nos sufocar, o “demais” que tira a nossa liberdade e nos distrai da devida atenção que somos chamados a dar ao próximo.

A este respeito, comenta o Papa Francisco: “no seu afadigar-se e cansar-se, Marta corre o risco de esquecer — e é este o problema — o mais importante, ou seja, a presença do hóspede, que neste caso era Jesus. E o hóspede não deve ser simplesmente servido, alimentado, cuidado de todos os modos, é necessário sobretudo que seja escutado. Recordai-vos bem desta palavra: escutar!”  (Angelus, 17.07.2016).

Portanto, torna necessário o equilíbrio, pois a oração e a ação continuam sendo duas trilhas em que corre a nossa vida de fé. Pois, Marta e Maria são imagem de todos os discípulos que alternam a meditação e oração com a diligência e trabalho, resumindo a máxima atribuída a São Bento: “ora et labora”.
Ai de nós se negligenciarmos uma delas ou criar contraposição entre elas. Além disso, Deus não busca escravos, mas amigos; não vai a nossa busca para que façamos algo por Ele, mas que O acolhamos e O abracemos, que Lhe deixemos fazer algo por nós e que Lhe deixemos ser Deus.

 Que Ele nos ajude a ter um coração que adora e escuta, como Maria, e uma disposição para servir o próximo como Marta.

Boa meditação, caríssimos. JB