Lc 11,15-26
“… se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós … Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa”.
Os fariseus, sempre empenhados em pôr à prova Jesus, e chegam a acusá-Lo de expulsar demónios com a força de “Belzebu, príncipe dos demónios”.
O Senhor os silencia, relembrando-lhes que é “pelo dedo de Deus” que Ele vence o maligno e estabelece o Reino de Deus (reino do amor) no meio dos homens. Pois, Ele “das alturas nos visita como sol nascente, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1,79).
Precisamente ao destacar esta realidade da luz, Jesus afirma a verdade que é a consequência dela, isto é, somente aqueles que estão unidos a Ele vivem uma vida boa em todos os aspetos.
Quem se afastar d’Ele com escolhas que não correspondem os seus ensinamentos, é como se optasse por estar contra Ele, que é o Caminho, a Verdade e a Vida – “quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa”.
Caminhar, de fato, longe de Jesus, do seu evangelho, é querer dominar o próprio destino, correndo o risco de ser vítima do egoísmo que, como uma trepadeira, envolve até sufocar a vida. É vagar pelas estradas da morte, dispersando-se do Senhor e tentar colher coisas boas da vida nos campos onde semeou o maligno, o demónio.
Caríssimos, este nosso adversário, o pai da mentira e das falsas promessas, existe. Pois, “não admitiremos a existência do demónio, se nos obstinarmos a olhar a vida apenas com critérios empíricos e sem uma perspetiva sobrenatural … Então, não pensemos que seja um mito, uma representação, um símbolo, uma figura ou uma ideia” (Papa Francisco, exortação ap. Gaudete et Exsultate, ‘sobre a chamada a santidade no mundo actual, n. 160-161).
Por isso, digo a mim mesmo, como a vós, “sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, anda em derredor como um leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé” (1Pd 5,8-9). Nada de feitiços, feiticeiros e curandeiros, estejamos somente com e no Senhor. Sim, se dispersarmos aqueles talentos que Ele nos deu, seremos como um ramo cortado da videira: sem seiva e, portanto, privados de frutos.
Alguém poderia justamente objetar: “entretanto, conheço muitas pessoas que, embora não se professem cristãs, agem com honestidade, às vezes mais do que alguns que vão à igreja”. É verdade. Sobre isso, São Óscar Romero (1917-1980) dizia o seguinte: “Há muitos cristãos na alma que não conhecem a Igreja, mas que são talvez melhores do que aqueles que pertencem à Igreja. Cristo transborda a Igreja”.
Pessoas assim, portanto, se enquadram na categoria de “homens de boa vontade, em cujos corações a graça opera ocultamente”, já sublinhada pela constituição pastoral do concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, ‘sobre a Igreja no mundo atual’, n. 22.
Sim, nessas pessoas, se revela aquela semente divina que, ao encontrar o solo fecundo, dá fruto, demonstrando como elas estão, embora inconscientemente, enxertadas em Cristo graças à justiça derivante dos seus corações.
Que o Senhor nos mantenha unidos a Ele, próximos da sua Palavra que queremos viver, com a sua graça, no nosso quotidiano.
Boa meditação, caríssimos. JB