Lc 11, 37-41
“... fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade…”
Escutando esta frase, alguém diria: ”quão exigente é o Senhor!” Pois, com a mesma, Ele nos pede, com firmeza, que sejamos autênticos, que não reduzamos a pertença a Deus à pura exterioridade e que não destruamos, portanto, a fé, como fazemos frequentemente.
Infelizmente, hoje, no nosso mundo, tudo prima pelas aparências, quase que todos nós nos preocupamos com o que os outros pensam e dizem de nós, acabando, nós mesmo, de não sabermos mais quem somos.
E disto, neste trecho evangélico de hoje, Jesus censura o fariseu que o convidou para almoçar e fazia notar que o Mestre ‘se esqueceu’ de fazer as abluções. Em vez disso, Jesus opta por não se entregar às manias religiosas que matam a autenticidade, reduzindo a fé a mera prática religiosa considerada como ‘sagrada e necessária’… Diria São Paulo: “apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças” (Rm 1,21).
Caríssimos, de nada adianta respeitar muitas prescrições da Lei se, no final, o coração está fechado e não se converte. É inútil limpar e purificar os pratos se a alma está turva, titubante e coxa. É inútil participar nas missas dominicais, pra depois nos dias úteis pactuar com o curandeiro, brigar com o próximo, etc. Disse São João Crisóstomo: “encontre a porta secreta da tua alma e descobrirás que é a porta do Reino dos Céus”.
Sendo assim, Jesus subverte a concepção de uma religiosidade baseada num ritualismo estéril que não manifesta, como deveria, uma atitude profunda, e convida o fariseu e a nós a um encontro com Ele no íntimo do coração, onde nascem os desejos, as intenções, a honestidade da vida e a verdadeira comunhão e paz com os irmãos: “… dai antes de esmola o que está dentro e tudo para vós ficará limpo”.
Em suma, o Senhor interpela o nosso compromisso cristão de amor, pede para darmos como esmola não o supérfluo, mas o que temos dentro … isto é, dar a própria vida. Só assim, a fé não se torna observância estéril de preceitos, mas um respiro de autenticidade. Demos como presente o que somos.
Que o Senhor purifique o fundo do nosso coração, para que tudo em nós seja reflexo da sua luz.
Boa meditação, caríssimos. JB