Lc 12, 35-38
“… ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas”
Hoje, com a parábola que acabamos de escutar, Jesus nos faz concentrar na atitude de vigilância: “ficai de prontidão”.
De prontidão para o encontro, não com um Deus ameaçador, ladrão de vidas, que é a projeção dos nossos medos e moralismos, mas sim com o impensável de Deus. E d’Ele, existe a promessa de felicidade inesperada em que os papéis se invertem: Ele que se faz servo dos seus servos, que “os fará sentar à mesa e passará a servi-los”.
Ele se inclina diante do homem, sua criatura. É a revolução da ideia de um Deus “patrão”, e o ponto sublime da parábola: o Senhor que se torna servo, qual evocação de Jesus na Última Ceia, que apesar de ser Senhor e Mestre, se fez servo de todos (cf. Jo 13,4-17).
Não se exige de forma peremptória que os servos fiquem esperando, acordados até o amanhecer; é “algo mais” não ditado por dever ou medo. Pois, se espera assim se e só se se ama e se deseja … E o servo não vê tempo para abraçar. De facto, “onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Lc 12,34; Mt 6,21).
Caríssimos, Deus vem todos os dias e todas as noites, mesmo quando menos esperamos, e vem em busca de um coração atento, e como um amante, Ele quer ser desejado.
Ademais, um Deus que se impõe também será obedecido, mas não amado. Já, o nosso Deus, que se propõe, não será apenas obedecido, aliás, como criaturas amadas e amantes, nós O esperaríamos acordados, porque não queremos perder o encontro mais bonito da nossa vida. Por isso, na fé, “… ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas”.
São Leão Magno, nos seus Discursos, dizia: “acreditar sem vacilar no que escapa à visão material e fixar o desejo onde não se pode alcançar com o olhar, é a força dos grandes corações e a luz das almas constantes”.
Sendo assim, peçamos ao Senhor que aumente a nossa fé, de modo que possamos nutrir a alegria e a esperança n’Ele e transfigurar até as nossas pequenas dores em bem.
Boa meditação, caríssimos. JB