Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

31ª Semana – Quarta-feira – T.C.

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Lc 14,25-33

Quem não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu discípulo

 

Para seguir a Cristo, devemos nos despojar de tudo, e a primazia de Deus em nossa vida deve ser afirmada de forma absoluta e radical. “Nada, absolutamente nada antepor ao amor de Cristo!”, dizia São Bento aos seus monges.

Sem colocar  em causa o mandamento de amor que nos recorda a honra aos pais e à família, é sempre verdade que nem mesmo esse amor pode prevalecer sobre o que devemos a Deus. O seguimento de Cristo, por outro lado, envolve o abraço voluntário da cruz, e isto, na realidade, significa ter a coragem de fazer uma série de sacrifícios e renúncias para darmos espaço à melhor escolha na nossa vida.

Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo”. Pois, se estamos dispostos a renunciar à nossa vida por Cristo, não vejo razões pra escandalizamos com a renúncia até dos afectos mais próximos e íntimos.

Ademais, “nada é impossível para Deus” (Lc 1,37). Com o dom da sabedoria conseguimos, certamente, fazer bem os cálculos para construir a nossa torre, o elevador que nos permite chegar a Deus. A mesma sabedoria, dom do Espírito Santo, nos faz avaliar a oportunidade de enfrentarmos o bom combate para vencer as humanas seduções e nos imergir de forma voluntária e total em Deus.

A renúncia passa por ordem de importância das pessoas às coisas. Não sei se ainda recordais daquele jovem rico, que embora desejoso de alcançar a vida eterna, não tinha coragem de se libertar das coisas do mundo porque “possuía muitos bens” (Mc 10,22) e “era muito rico” (Lc 18). E Jesus, nos diz hoje: “quem não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu discípulo”.

O apego aos bens deste mundo, de facto, ainda prende os corações de muitos homens e mulheres … Mas, nos consolam o exemplo dos santos e a experiência de muitos que verdadeiramente deixaram tudo para obter a melhor riqueza, que só Deus pode e sabe garantir.

E sobre isso, já dizia Santa Teresa de Calcutá: “quando as coisas se apoderam de nós, nos tornamos muito pobres. Devemos nos libertar das coisas para estarmos cheios de Deus”.

Hoje em dia, a renúncia definitiva da própria vontade é cada vez mais difícil porque a fé se enfraqueceu e o homem se apropriou cada vez mais dos dons de Deus.

Que o Senhor nos ensine a depositar a nossa confiança n’Ele, a acreditar que Ele precede os nossos passos, a deixar o primeiro lugar nas nossas vida para Ele, sempre. Que Ele nos livre de “nós”mesmos!

Boa meditação, caríssimos. JB