Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

31ª Semana – Quinta-feira – T.C.

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S. Carlos Borromeo, Bispo (séc. XVI)

Lc 15, 1-10

Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa…

 

Sempre houve um feeling, um sentimento, uma relação amistosa e misteriosa entre Jesus e os pecadores, uma busca perpétua e mútua que escandalizava os “justos” de então, quais fariseus e escribas – “este homem acolhe os pecadores e come com eles”. Talvez não saibam que o Senhor veio justamente para os pecadores (cf. Mt 9,13).

E, com estas duas parábolas do presente Evangelho, Ele explica essa amizade: uma ovelha perdida e uma dracma perdida, portanto, um filho que se perdeu. São histórias que contam a dor de Deus quando Ele perde os seus filhos, e a sua alegria quando os reencontra novamente.

A prova disso é a paixão do pastor que, sem se cansar, se põe a busca da ovelha perdida nas estepes, espinheiros e terrenos pedregosos. Pois, caríssimos, acontece que se perdemos Deus, Ele nunca nos perde – “alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida”.

É de salientar também que não foi a ovelha perdida quem encontrou o pastor, mas sim é ela quem foi encontrada. Na verdade, ela não estava regressando ao redil, mas sim se afastando dele. E, encontrada, a ovelha não vem punida pelo pastor, antes pelo contrário, a alegria deste é que ela esteja viva, e isso é o suficiente.

E a põe alegremente aos ombros para que o regresso seja menos cansativa, portanto, temos a imagem de um Deus que não olha para as nossas culpas, mas sim para as nossas fraquezas, que não pede contas, mas faz estimativas, e é amigo da vida: cura os cegos, os coxos, os leprosos, não para que se tornem bons – melhor ainda se isso acontecesse- mas para que tornem a ser felizes.

Jesus também expressa a mesma solicitude divina com a dor de um Deus-dona da casa que perdeu uma dracma. Então Ele acende uma lâmpada e começa a varrer toda a casa até encontrar o seu tesouro sob o pó.  Assim também nós, sob as tribulações da vida, sob os defeitos e pecados, podemos descobrir as coisas preciosas que nos foram dadas como um presente.

Sendo assim, caríssimos, estás duas parábolas revelam-nos o coração de Deus para com cada pecador, para conosco: e cada um de nós é um valor infinito aos seus olhos … É uma loucura o amor de Deus pelo homem! 

E aí podemos enxergar toda a Páscoa, nisso de deixar tudo para ir a busca do que está perdido! Pois, toda a “paixão” de Deus se concretiza na busca do “homem perdido”, porque Deus não tem filhos para “deitar fora”, todos são filhos únicos, irrepetíveis e amados com amor total e incondicional.

Diria o escritor francês Antoine de Saint Exupéry (1900-1944): “É o tempo que perdeste com a tua rosa que fez com que ela se tornasse assim importante”. Na verdade, cada um de nós é tão importante, que Deus perde o seu tempo para connosco. Que o Senhor nos ajude a imprimir nos nossos corações esta certeza:“eu valho infinitamente aos olhos de Deus”.

Boa meditação, caríssimos. JB