Lc 16, 1-8
“… os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes”
Uma conclusão surpreendente: um administrador desonesto, mesmo prestes a ser despedido, o seu senhor reconhece a sua astúcia. O elogia, mesmo que o tenha roubado: “os filhos deste mundo, de facto, são mais astutos para com os seus semelhantes do que os filhos da luz”.
A parábola que se desenrola de forma tão homogénea tem seu ponto de viragem na pergunta: “Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração?”
A riqueza geralmente instala alarmes, levanta paredes; aqui, em vez disso, ela constrói a ponte e abre as portas: eles vão me receber em sua casa porque eu perdoei parte das suas dívidas.
A solução adotada é continuar na desonestidade, ou melhor, ampliá-la, encontrando outros semelhantes nesse sujo negócio que lhe abram as portas.
Pois, administrador transforma a riqueza suja em seu benefício; dá pão e azeite aos devedores com um propósito claro: ter novos apoiantes.
E analisando profundamente essa sua astúcia, alguns exegetas (estudiosos das Sagradas Escrituras) concluem e propõem que esta parábola não deveria ser intitulada “administrador desonesto”, mas sim “administrador astuto”.
Caríssimos, existe algo a aprender: ele permanece desonesto, mas se revela habilidoso, cobrindo com favores os devedores do seu senhor. Para ele, o alcance do fim não importa o meio: “filhos deste mundo … no trato com os seus semelhantes”.
Fazendo minhas as palavras de um exegeta italiano Bruno Maggioni, a propósito, ele pergunta: “Mas o cristão não deveria igualmente estar pronto, ser astuto e decidido em garantir para si no tempo presente o Reino de Deus?”
Pois, Jesus concluiria, dizendo: quão pouca astúcia colocamos nas coisas de Deus! Quanta desatenção temos nas coisas que dizem respeito ao “para sempre” da vida.
Sim, é importante e necessário lidar com o ‘hic et nunc’ (aqui e agora), mas existe um “depois de amanhã” – a vida eterna – que merece uma energia muito melhor. E a parábola sendo dirigida a todos nós, Jesus nos quer dizer que Deus não procura apenas executores, mas discípulos criativos e zelosos.
Que o Senhor ilumine as nossas mentes e corações para que saibamos escolher os caminhos certos para fazer o bem, tendo a mesma lucidez e astúcia do administrador astuto para com as coisas do Reino.
Boa meditação, caríssimos. JB