Lc 18, 1-8
“… Jesus … sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar”
Hoje, para nos ensinar a importância da oração constante e insistente, Jesus nos leva à escola da oração de uma viúva, uma criatura que sofrendo injustiças, não desiste de importunar um juiz corrupto, implorando-lhe: “faz-me justiça contra o meu adversário”.
“Orar sempre sem desanimar”! Curiosamente, esta recomendação de “orar sempre sem desanimar” aparece muitas vezes no Novo Testamento (cf.:1 Ts 5,17; Rm 12,12; Ef 6,18; etc.). E é uma característica de espiritualidade das primeiras comunidades cristãs.
Os primeiros cristãos, de facto, tinham uma imagem de Jesus em oração, em contato permanente com o Pai. Pois, o respiro da vida de Jesus era fazer a vontade do Pai (cf. Jo 5,19). E Ele orou muito e insistiu que o povo e os seus discípulos orassem.
A nós, certo que parece impossível orar sempre, porém, mais que uma questão de orar o tempo todo, é uma chamada de atenção a não desligar aquele diálogo e contacto contínuo com Deus. Pois, orar é como amar. Se tu amas alguém, o tal amor não é intermitente ou pisca-pisca, mas sim sempre o amas. Assim é com Deus, como dizia Santo Agostinho, “o desejo reza sempre, mesmo que a língua se cale …”
Ademais, é no confronto ou aquele contacto com Deus que surge a verdade e que a pessoa se reencontra a si mesma em toda a sua realidade e humildade. A oração revela a pessoa algo que vai além de si mesma, diz respeito ao seu modo de vida, à sua relação com Deus, consigo mesma e com o próximo.
É por isso que Jesus nos exorta a “orar sempre sem desanimar”. Todos nós passamos por momentos de cansaço, de desânimo e de crise, especialmente quando a nossa oração parece ineficaz, sem satisfação por parte Deus.
Jesus, todavia, ao contrário do juiz iníquo, nos pergunta, “Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo?” Daí a garantia, certo que Deus escuta prontamente os seus filhos, mesmo que isso não signifique que Ele o faça na hora e da maneira que gostaríamos.
Caríssimos, como disse o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), “Deus sempre atende, não os nossos pedidos, mas as suas promessas”. Com efeito, “a oração transforma o desejo e o molda segundo a vontade de Deus, seja ela qual for, porque quem reza aspira antes de tudo à união com Deus, que é o amor misericordioso” (Papa Francisco, Audiência Geral, 25.05.16).
Portanto, meus amigos, nós não rezamos para mudar a vontade de Deus, mas sim o nosso coração; não oramos para obter algo, mas para sermos transformado naquilo que contemplamos e rezamos.
Que o Senhor nos ajude para que não nos cansemos e desanimemos na nossa vida de oração! Que possamos acreditar de todo o coração e alma que Ele, tanto com as suas respostas quanto com seus silêncios e piadas, sempre quer o nosso bem.
Boa meditação e bom fim de semana, caríssimos. JB