Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

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Dan 12, 1-3; Hb 10, 11-14.18; Mc 13, 24-32

… quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta

 

Neste Domingo, o Senhor nos convida a meditar sobre as realidades últimas da terra e sobre as realidades eternas. Somos ajudados a ser vigilantes, sábios, prontos e preparados para esse dia, porque Ele mesmo nos compromete com esta solene afirmação: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”.

Caríssimos, cada fim, cada coisa que termina nos lembra, nos faz refletir sobre qual é o grande fim do mundo, nos faz pensar também no nosso fim pessoal na terra. Isso me faz lembrar o romance italiano I Promessi Sposi de Alessandro Manzoni, em que, depois de ter escutado o testemunho cristão da jovem Lúcia sobre a transitoriedade deste mundo e a vida após morte, o velho “Inominado” reflete sobre sua existência neste mundo e questiona: “nascer, crescer, envelhecer, morrer e depois?” 

De facto, nas nossas mentes, também viriam dúvidas e interrogações como estas: Quando será o fim do mundo? Como isso vai acontecer? O que vai acontecer? E eu, quanto tempo a minha vida vai durar ainda? Como será o meu futuro, a minha velhice, se eu chegar lá? Como será a minha morte? E o que vem a seguir?  Tudo acaba ou não? Pois, com todas estas interpelações, devemos ter muito cuidado para não perseguirmos os charlatões e impostores que se autoproclamam de profetas, as obsessões das seitas milenaristas que querem saber mais do que Deus.

Contudo, não estamos sós, Jesus nos ajuda, pois, a sua palavra e a sua vida são como uma grande e poderosa luz que ilumina essas realidades sombrias para nós e nos dá a possibilidade de ver a verdadeira face das coisas na terra e para eternidade.  Ele, advertindo-nos que “quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta”, nos convida a uma atitude constante de conversão, à vigilância ativa, à expectativa na fé, na oração e nas boas obras. E Ele não se interessa com as datas – “quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece” -, o que importa é a certeza da sua última vinda e a necessidade da nossa perseverança.

Pois, mesmo que nos interpele e nos faça meditar sobre os novíssimos, ou seja, as realidades últimas ou os destinos finais do homem, quais a morte, o juízo, o inferno e o céu, o Evangelho de hoje não é um discurso triste e assustador, mas sim é a “boa nova” do encontro pleno e definitivo com o Senhor – “hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens”. 

Além disso, referindo-se antes sobre à figueira, da qual aprendemos a parábola “quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo”, Jesus nos adverte sobre a passagem da estação da vida, nos ensina que a morte não é o fim, mas o con-fim, isto é, fronteira entre as duas condições diferentes, cuja passassem dá início a uma nova vida, uma vida muito maior e mais bela.

E disto, diz-se que Santo Inácio de Antioquia, preso, em viagem para ser submetido ao martírio em Roma, teria dito: “quando tiver chegado lá, na vida eterna, serei verdadeiramente homem” (Carta aos Romanos, 6, 1-2).  Então, depois desta vida, existe a verdadeira Vida (aquela com letras maiúsculas). E nós não mais morremos, mas entramos na Vida, aquela vida que para o homem é a glória de Deus, aquele Deus que “não é o Deus dos mortos, mas dos vivos!”  (Mt 22,32). Portanto, como dizia Santa Teresa de Ávila, “nada te perturbe, nada te espante; tudo passa, Deus não muda”. Pois, a nossa religião não se alimenta de medo, angústia ou sofrimento, mas sim de amor, fé e esperança. 

No entanto, devemos pensar seriamente e com responsabilidade sobre aquele encontro com Deus e o juízo derivante do mesmo, procurando inscrever o nosso nome no seu livro, ser sábios e fazer o melhor possível (cf. Dn 12,1-3), lutando contra mal e continuamente implorando perdão por nossos pecados.

Portanto, caríssimos, “vigiai e orai em todo o tempo, para poderdes comparecer diante do Filho do homem” (Lc 21,36). Saibais disto: cada segundo do tempo que passa é o tesouro que Deus coloca nas nossas mãos para que realizemos obras de santidade para alcançar a salvação.

Que o Senhor alargue os nossos corações e nos ajude a não fazer escolhas efémeras que nos levam a “acordar para a vergonha e o horror eterno”, mas que nos ilumine de modo que possamos reconhecer a sua Presença e a sua Palavra e assim entrar com Ele na Vida, para sempre!

Boa meditação, caríssimos e “uwã santù djàgingù da tudu nancê”. JB