Lc 19, 1-10
“O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”
Nenhuma busca de Deus é verdadeira, se o homem que busca a Deus não se deixa ser procurado por Ele. E Zaqueu se deixou ser procurado por Deus, é uma pessoa que busca a Deus – “Zaqueu correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus” –, necessita de salvação, pois a sua pequena estatura além ser física, é também moral.
“Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa”: o olhar de Jesus não vê em Zaqueu um pecador crónico, mas uma pessoa a ser salva e incentivada no seu ser autêntico, e daí o convida a descer e acolhê-Lo em sua casa: “Hoje entrou a salvação nesta casa”.
Pois é, que o mundo fale, “foi hospedar-Se em casa dum pecador”. Deus desce ao alcance do homem, fica lado a lado com ele, compartilha a sua comida e a sua vida; sem lhe fazer sermão, basta o seu olhar penetrante que o invade profundamente e o cura.
Caríssimos, a passagem e a presença de Deus fazem Zaqueu renascer, o transformam: também ele se sente filho de Deus, a ponto de considerar os outros de irmãos, com os quais compartilhar os bens terrenos. Para Deus, ninguém é irrecuperável ou incapaz de conversão. E onde Jesus chega, vem a novidade de vida e a alegria da fraternidade.
A sua busca teria sido em vão. Ele nunca sairia da sua condição pecaminosa. Em vez disso, Zaqueu, do conhecimento de Jesus, de Deus, se lavou, se purificou, tirou o mal dos seus olhos, enfim, se libertou, se converteu e aprendeu a fazer o bem, a buscar a justiça: “Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais”.
De fato, o saudoso Don Luigi Giussani (sacerdote italiano, fundador do movimento católico Comunhão e Libertação, 1922-2005) dizia: “O Cristianismo não é uma religião, mas um encontro com um acontecimento, uma Pessoa”. E neste encontro com a Pessoa que é Jesus, a partir da nossa adesão a Deus que nos procura, a vida muda.
E Zaqueu se torna o modelo perfeito nessa adesão, enquanto os fariseus se tornam antimodelos. Todavia, com todas as suas forças, com plenitude de sabedoria e exemplaridade, Jesus os procura, “com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.
Papa Francisco, depois de ter comentado o presente evangelho, concluiu o seguinte: “se tiveres um peso na consciência, se sentires vergonha de tantas coisas que cometeste, pára um pouco, não te assustes. Pensa que alguém te espera, porque nunca deixou de se recordar de ti; e este alguém é o teu Pai, é Deus que te espera! A exemplo de Zaqueu, também tu sobe na árvore do desejo de ser perdoado; garanto-te que não ficarás decepcionado. Jesus é misericordioso e nunca se cansa de perdoar! Recordai-vos bem disto, Jesus é assim” (Angelus, 03.11.13)
Que o Senhor nos ajude a diminuir a nossa presunção, às vezes forte, de nos sentir perfeitos e santos, e faça mergulhar os nossos corações na Sua santa vontade.
Boa meditação, caríssimos. JB