Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

33ª Semana – Quarta-feira – T.C.

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S. Isabel de Hungria, Religiosa (séc. XIII)

Lc 19, 11-28

Porque não entregaste ao banco o meu dinheiro?

 

O ano litúrgico está caminhando para o seu fim, onde Jesus se nos apresentará como Rei do Universo. Mas “não queremos que Ele reine sobre nós”! Eis o drama que Jesus nos permite vislumbrar através desta parábola das dez moedas, do evangelho hodierno. É o drama da rejeição de Deus.

Não queremos que Ele reine sobre nós”. À primeira vista, esta nota de rejeição parece secundária em relação à evolução de toda a parábola caracterizada pela necessidade de usar bem as moedas, ou seja, os dons de Deus, na expectativa da sua vinda.

Em vez disso, essa mesma nota pode ser o suporte de tudo. Sim, porque usar bem as moedas significa antes de tudo aceitarmos a identidade de “servos”. Mas, para aceitarmos ser servos, devemos tomar consciência da nossa dependência de Deus, percebendo que n’Ele permanecemos como ramos na videira (cf. Jo 15,1-8), portanto, unidos, submissos e fiéis a Ele.

E esta permanência fiel a Deus consiste em ter que agir e não raciocinar como o servo mau: “Senhor, aqui está a tua moeda, que eu guardei num lenço, pois tive medo de ti, que és homem severo: levantas o que não depositaste e colhes o que não semeaste”.

Porque não entregaste ao banco o meu dinheiro?” Este servo é mesquinho e preguiçoso, tem uma falsa imagem do seu senhor (de Deus). O pior é que ele não O ama. Tem medo de Deus, e o medo o paralisou, a ponto de se tornar incapaz, inativo, pra não correr nenhum risco. Então guardou a moeda num lenço.

Queridos irmãos e irmãs, Deus espera de nós uma resposta alegre, criativa, ativa, um compromisso que vem do amor e da nossa disponibilidade para correr riscos e enfrentar as dificuldades. A moeda de ouro dada a cada um de nós é a vida, para ser usada (não ab-usada), semeando o amor, pondo em ação os carismas e os bens recebidos do Espírito Santo, confiando sempre em Deus.

E a respeito disto, São João da Cruz (1542-1591), vendo que as pessoas se confessavam a ele, todas angustiadas, tristes, desanimadas e desesperadas com a vida, no final da confissão, dizia: “Tenha uma confiança contínua em Deus, estimando em ti e nos teus  irmãos, o que mais estima o Senhor, isto é, os bens do espírito”.

Por isso, todos nós, mesmo nas dificuldades da vida (como situação pandémica que há quase dois anos nos assola), somos chamados a retransmitir com alegria estes bens e dons, com palavras e atos. Que o Senhor continue investindo em nós, oferecendo-nos a sua confiança, libertando-nos da ansiedade do sucesso e concedendo-nos a serenidade no abandono total n’Ele.

Boa meditação, carissimos. JB