Lc 21, 5-11
“Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído”
Se apenas escutássemos o que o Senhor nos diz! As coisas criadas estão destinadas a desaparecer, como o magnífico Templo de Jerusalém, naquele tempo, lugar de oração para todo o Israel, e orgulho entre os povos.
Herodes, o Grande, havia iniciado as obras de ampliação no ano 19 a.C., depois concluídas no ano 62 d.C., portanto 80 anos para construir um espaço capaz de acomodar quase cento e cinquenta mil pessoas.
Infelizmente usado por apenas dez anos, em seguida foi totalmente destruído por general Tito e o exército de Roma que chegaram à Cidade Santa para reprimir uma revolta da população. Em Israel de então, o sonho de liberdade, reforçado pelo entusiasmo da reconstrução do Templo, crescia desproporcionalmente até ser brutalmente reprimido.
Quantas obras de arte, fruto do engenho humano, são destruídas pela idiotice e pela violência humanas! Quantas vezes na história a cultura e a beleza foram varridas pela ânsia de poder dos homens! “O quam cito transit gloria mundi!” (Oh quão rapidamente passa a glória do mundo!)
Mas, Jesus aproveita para admoestar aqueles que sustentaram ontem e sustentam hoje a hipótese do fim do mundo: “quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai” (Mc 13,32). Logo, está fora do alcance do nosso intelecto.
Guerras, catástrofes, sinais do céu, pandemias não são um prelúdio para o fim de tudo – “não será logo o fim” –, portanto, nem são sinais de alerta. E advertindo-nos, “tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais”, Jesus nos convida a uma atitude constante de conversão, de vigilância ativa na oração e nas boas obras.
Somos convidados também a não nos desanimar, mas sim continuar a construir o Reino de Deus onde vivemos, com fé e simplicidade. Ademais, como dizia São Leão Magno nos seus ‘Discursos’, “acreditar sem vacilar no que escapa à visão material e fixar o desejo onde não se alcança com o olhar, é a força dos grandes corações e a luz das almas sólidas e constantes”.
Por isso, deixemos as previsões astrais para os supersticiosos e adivinhos, ignorando os charlatões e impostores que se autoproclamam de profetas, e nem seguir obsessões das seitas milenaristas que querem saber mais do que Deus. Devemos sim nutrir a nossa fé e estar sempre prontos, mesmo quando tudo parece estar indo mal: viver de forma cristã cada instante da vida como se este fosse o último.
Boa meditação caríssimos, JB