Lc 21, 20-28
“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações …”
Esta seção do Evangelho de Lucas é chamada de “Grande Apocalipse”, e as imagens que ali encontramos nos projetam a um cenário de morte e desolação: “os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas”. Isso nos conduziria a quanto diz São Paulo sobre a criação, que ela sofre, gemendo como uma parturiente (cf. Rm 8,22). Essa sempre carrega novas vidas no seu ventre e as gera para o mundo.
É um momento de renascimento também na Igreja: a indiferença religiosa aumenta, as vocações diminuem, as estruturas eclesiásticas parecem estar perdendo o consenso e a confiança de muitos fiéis que se deixam levar pelas promessas e ilusões das inúmeras seitas em crescimentos.
A fé sugere o fim de uma era e novos estilos de ser Igreja: outra época que se prima pelo essencial e convincente. A crise económica e pandémica, também diz que precisamos mudar de rumo e nos oferecer a nós mesmos outros modelos de desenvolvimento, baseados não no crescimento infinito, mas no respeito pela natureza, na sobriedade e na solidariedade.
Nos vem o sentimento de que estamos perdidos. Mas ai de nós se cedermos ao medo, de sentirmos peso no coração devido à fragilidade ou incerteza quanto ao futuro. Ademais, toda tribulação é um prenúncio de vitória, se nela formos dóceis ao poder do Espírito que tudo renova. Pois, daí que o Senhor Jesus nos encoraja: “erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.
Erguemo-nos, levantamos as nossas cabeças, isto é, olhamos além, para outro lugar, avancemo-nos para mais fundo (‘duc in altum!’ – cf. Lc 5,4), sigamos sempre para o alto, enxerguemos um novo horizonte, porque o Senhor, “Filho do homem” está perto, o veremos “vir numa nuvem, com grande poder e glória”. Portanto, o mundo não está caindo no caos, mas nos braços de Deus, e Ele é amor, portanto, como se canta em algumas paragens, “passa este mundo, passam os séculos, somente quem ama não passará jamais”.
O Cristianismo emanou uma força espiritual capaz de subjugar as estruturas do mundo antigo; se na história da humanidade tudo vacila e desaba, Jesus oferece-nos hoje a possibilidade de orientar o nosso coração para a luz e a verdade que nada pode destruir.
Que o Senhor nos capacite a perseverar não só no olhar para o céu, mas para Jesus, nossa salvação, que nos sustenta no caminho do que é justo, bom e santo.
Boa meditação, caríssimos. JB