Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

34ª Semana – Sexta-feira – T.C.

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Lc 21, 29-33

Quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus

 

A primeira comunidade cristã teria perguntado: “quando chegará o fim?”.  Marcos (1º evangelho a ser escrito), dizendo “quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai” (Mc 13,32), em outras palavras, nos convida a deixar pra lá a questão, quanto muito, a viver o presente, porém, vigiando (cf. Mc 13,28-37).

A Igreja de hoje, como a de Lucas, se pergunta: “como podemos esperar o futuro de Deus?”.  O tal futuro seria esperado vivendo “agora” a sua Palavra que nunca passa – “as minhas palavras não passarão”.

Portanto, o discernimento é necessário para não cairmos em ilusões fáceis. Sempre existiram seitas que, prometendo a salvação futura, criaram pessoas alienadas e iludidas, e deste modo, como está acontecendo, sobretudo em muitos dos nossos países subdesenvolvidos, explorando e roubando as mesmas pessoas incutindo o medo.

O verdadeiro cristão, porém, não está e nem deve estar ansioso pelo fim: ele já foi salvo por Deus que lhe deu o dom do seu Espírito Santo … e por isso desde agora ele respira e saboreia a vida eterna neste Reino que “está entre o já e ainda não em plenitude” (cf. Oscar Cullmann, teólogo luterano francês do século XX).

Como “cada dia” anuncia o amanhã eterno, da mesma forma cada folha da figueira anuncia o verão que se aproxima. E Jesus nos conduz à escola das plantas, isto é, da figueira, do rebento, porque as leis do espírito e as leis da criação têm profundas analogias.

A partir de um rebento podemos planejar e aprender o futuro de Deus: Ele está à porta e bate, não vem como um dedo indicador para condenar, mas como um abraço para estabelecer ou restabelecer laços, e não traz consigo acusações, mas amor e a vida eterna (cf. Ap 3, 20-21).

Por isso, como dizia a Santa espanhola Teresa de Ávila (1515-1582), “nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, só Deus não passa. A paciência, por fim, tudo alcança, e quem a Deus tem, nada lhe falta, pois só Ele basta”. Interessante que o seu conterrâneo, o poeta António Machado (1875-1939), mais tarde, acrescentaria, encorajando-nos com uma das estrofes do seu Cantares: “caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar …”.

Pois caríssimos, façamos o nosso caminho neste mundo, e como agricultor que olha a figueira germinando e sente que se aproxima o verão, nós, discípulos de Cristo, somos chamados a ver a árvore da Cruz e dar sentido às nossas cruzes quotidianas, todavia, convencidos disto: Deus nos ama.

Boa meditação, caríssimos. JB