Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

1ª Semana – Segunda-feira – Advento

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Mt 8,5-11

Do Oriente e do Ocidente virão muitos para o reino dos Céus

 

Quem interpelou o coração de Jesus é um centurião de Roma, um graduado do exército que então humilhava e oprimia o povo de Israel, portanto, um inimigo. 

Não é a religião que o coloca diante do Mestre, mas a necessidade da saúde do corpo. O que o homem não faria para esse bem apreciável… (cf. Gregório de Nissa)?! Mas Jesus não tem preconceitos, não exige nada … Apenas escuta e acolhe o pedido do oficial romano: “Eu irei curá-lo”. Pois, “o Senhor é clemente e misericordioso, lento para a ira e rico de misericórdia” (Sl 145,8).

Eu irei curá-lo”: uma resposta que surpreende o centurião porque ultrapassa os seus desejos. Não esperando que Jesus fosse à sua casa, o centurião se sente indigno: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”. De facto, nenhum de nós é “digno” de Jesus, da sua presença e do seu amor, mas sabemos pela fé que basta somente um gesto, uma palavra, um olhar para que Ele nos salve. Eis o “ato de fé” do centurião: “diz uma só palavra e o meu servo ficará curado”.

Quão grande é a fé deste “pagão”! Com a mesma fé, ele se identifica entre muitos que, “do Oriente e do Ocidente, virão para o reino dos Céus”. Pois, a atitude de extrema humildade e de profunda confiança que o caracterizou ao pedir a intervenção salvadora de Cristo em sua casa – uma verdadeira e autêntica profissão de fé – quer e deve ser a atitude de todos nós no momento em que estamos a ponto de receber o Senhor no nosso coração.

Caríssimos, a fé na Palavra de Jesus, como centurião, traz consigo uma força criativa. Uma fé que ultrapassa muros e fronteiras … que não consiste em repetir uma doutrina, mas em se confiar totalmente em Deus. E assim se realiza o sonho d’Ele de reunir todos os homens do Oriente e do Ocidente no seu reino (como também afirma o Is 2,1-5).

Aproximando-nos do Senhor com estes sentimentos de fé e humildade, abramos o nosso coração para acolhê-Lo. O advento já começou, o tempo que nos leva a nos perguntar quem ou o que nos torna crentes. Tempo para sair do lamaçal do hábito e de muitas coisas dadas como certas. Estejamos atentos de não nos sentirmos perfeitos e justos, católicos de longa data, crentes por tradição e hábito. Os novos tempos em que vivemos nos obrigam a estar vigilantes e a redescobrir seriamente a nossa fé.  

Sendo assim, façamos nossa esta oração de Blaise Pascal (matemático, escritor, físico, inventor, filósofo, e teólogo católico francês do sec. XVII): “Senhor Jesus, os médicos não vão me curar, mas sois Vós quem cura! Infundi em mim a fé do centurião, … Curai-me, persegui os meus demônios.  Dizei uma só palavra e eu ficarei curado”.

Boa meditação, caríssimos! JB