Chegar à ilha maravilhosa do Príncipe é algo misterioso! Aterramos numa densa ilha toda ela cheia de vegetação, onde a chuva a visita quase todos os dias. Daí não ser admiração nenhuma entrar-nos pelos olhos adentro a flora e o mar com as suas belas praias. Um excelente destino turístico a não hesitar de visitar.
No meio de toda esta beleza natural, onde se respira silencio e tranquilidade, toca-nos também a parte menos boa que é a pobreza dos seus habitantes e o seu doloroso isolamento que torna a vida bem mais cara e, por conseguinte, mais difícil. Tudo tem que vir da cidade capital de São Tomé.
Alguém me dizia que a ilha do Príncipe é um paraíso e um encanto para quem a visita e uma dor para quem a habita. Na verdade, rapidamente sente-se isso mesmo. Por conseguinte, coabitam dois mundos nesta ilha. O mundo do turismo que segue o seu caminho e que pode ser uma grande receita para o país e o mundo do dia a dia que carrega, em si, muitas dores e dificuldades difíceis de resolução.
Os desafios a nível pastoral e religioso são imensos! Maioritariamente dizem-se católicos, mas existe uma imensidão de seitas por todo o lado. Ao sábado e ao domingo, existe um culto em cada esquina, em pequenos espaços onde os nomes das seitas estão bem escritos nas portas de entrada dessas seitas. É um desafio enorme porque, na verdade, os nossos cristãos rapidamente se deixam levar e embarcar por promessas bem pregadas por esses pastores que são autênticos charlatões e vendedores de ilusões.
A nível da nossa Igreja católica há a convicção que temos um imenso trabalho pela frente. Primeiramente denunciar estes cultos vãos, estéreis e enganadores e por outro lado anunciarmos com mais ousadia e convicção a Boa Nova de Jesus Cristo. É notório que se deve apostar claramente numa nova evangelização para este povo de Deus.
É uma ilha pequena, mas com comunidades cristãs espalhadas pelas várias zonas. Ao fim de semana desdobramo-nos em celebrar oito eucaristias em seis capelas diferentes. Pequenas comunidades que vivem espalhadas pelos interiores belíssimos desta ilha verdejante, onde a chuva é que manda.
Encontro-me na Paróquia da Imaculada Conceição, na cidade de Santo António com o meu colega diocesano, Pe. Hyley do Nascimento recém-ordenado e, ambos, com muita vontade de aprender e servir este povo que nos foi confiado. Uma ilha, uma só paróquia.
Aqui não há espaço para mordomias! Muito menos para bons carros, boa residência e boa comida. A maior parte das estradas são de terra batida, onde só chega a nossa carinha 4×4. A residência é muito pobre e com poucas condições de habitabilidade. E relativamente à alimentação não podemos fazer grandes aventuras visto tudo ser demasiado caro, porque têm de vir de barco da cidade de São Tomé, o que encarece todos os produtos.
Como diz o meu colega, nesta ilha, o mais importante, são duas coisas: não desanimar nem ficar doente.