Mt 15, 29-37
“Sinto compaixão dessa multidão…”
Essa frase pode ser uma chave para entender a Encarnação. Deus teve compaixão do homem e, portanto, veio ao mundo.
A compaixão é uma emoção profunda; envolve toda a pessoa; significa – ‘cum passio’, sofrer com ou sofrer junto. É por isso que diante de uma multidão faminta, oprimida pela pobreza, o coração do Senhor não fica indiferente, mas, sendo grande, Ele sofre com a multidão e sofre pela multidão e, por isso, intervém, cuida dela e faz o milagre com abundância, tanto que “os pedaços que sobraram, encheram sete cestos”.
Movida pela compaixão do Senhor, a multidão é chamada a formar uma grande família que se alimenta do pão partido e abençoado – uma prefiguração da Eucaristia.
E nós, hoje, – especialmente neste período do Advento -, participando do banquete eucarístico de Deus, prestamos atenção ao seu apelo, reconhecendo na nossa vida as suas intervenções de misericórdia e de amor? Vamos ao encontro do sofrimento do próximo, percebendo as suas lágrimas, compartilhando as suas dores e, na medida do possível, intervindo de maneira corajosa e concreta na sua vida?
Saibais disto, caríssimos: quando o pão, que é meu, passa a ser de todos, em vez de diminuir, cresce além da medida. E o grande milagre é que Deus acaba com a fome do mundo com as nossas mãos quando elas aprenderem a doar.
O Senhor é compassivo, e a sua compaixão é tão infinita tanto quanto a sua Pessoa Divina. Portanto, na Eucaristia, Ele nos dá a força e a fonte para saciar plenamente a nossa fome de amor e de infinito, quais origens, por sua vez, da nossa compaixão pelo próximo. Pois, como dizia, Fiódor Dostoiévski, na suo obra ‘Idiota’ (1869): “a compaixão é a mais importante e talvez a única lei da vida de toda a humanidade”.
Conscientes disso, peçamos ao Senhor que nos abra os olhos, para que possamos captar a sua misericórdia para connosco e saibamos, por sua vez, enxugar as lágrimas dos nossos irmãos e irmãs que sofrem, porque, como já tinha dito, o milagre é que Deus acabe com a fome do mundo com as nossas mãos quando aprenderem a doar.
Boa reflexão, caríssimos. JB