Mt 7, 21.24-27
“Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus …”
Jesus no Evangelho de hoje nos dá uma lição de vida muito concreta. Na verdade, Ele nos diz que não se contenta com a nossa tagarelice e as nossas pias intenções. Ele é contra a ilusão segundo a qual é suficiente suspirar o seu nome ou murmurar algumas orações para entrar no Reino dos céus.
É necessário que a nossa oração repercuta nas nossas vidas cotidianas, ou seja, que haja a correspondência entre o que dizemos e o que fazemos. Pois, caríssimo ou caríssima, as tuas emocionantes liturgias e os teus belos discursos contarão se e só se se concretizarem naquilo que fazes, no amor para com o próximo, a começar daquele irmão ou irmã que vive contigo sob o mesmo tecto.
Podes até te vestires de terços e crucifixos, mas se tudo isto não encontrar correspondência no teu agir, serás sempre diante de Deus um hipócrita, um falso, uma farsa … E certo, encontrando-se em crise o teu dizer (‘Senhor, Senhor’), é tempo que tu te convertas, pois “todo aquele que ouve as minhas palavras e as faz (traduzindo literalmente o texto original) é como o homem prudente, que construiu a sua casa sobre a rocha”.
A rocha não é a minha vontade, o teu trabalho, o nosso esforço: a rocha é apenas Cristo. O Salmo 18,3 diz: “O Senhor é o meu rochedo, a minha fortaleza … na qual me refugio”. Então, é uma questão de colocar em prática a sua palavra, fazer a vontade de seu Pai.
Com efeito, quando a sua palavra é acolhida interiormente, se torna o fundamento da nossa vida cristã, porque só nela está a nossa solidez, estabilidade e firmeza. Não queiramos ser homens insensatos que edificam a sua casa sobre areia …
Mesmo que nas nossas vidas haja momentos de desespero, decepção, dor, não devemos temer: diante das provações inevitáveis da vida, nos apeguemos à rocha viva que é Cristo, fiel testemunha do Pai. Pode desmoronar o supérfluo, o que aparece, mas permanecerá o essencial, aquilo que é: amor e confiança em Deus, que tem o nome “Eu sou” (Ex 3,14). Portanto, “confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a nossa fortaleza eterna” (Is 26,4).
A respeito disso, São Giuseppe Moscati (médico, cientista e professor universitário italiano, 1880-1927) dizia: “Quaisquer que sejam os acontecimentos, recorde duas coisas: Deus não abandona ninguém. Quanto mais te sentires sozinho, abandonado, vilipendiado, incompreendido, e quanto mais te sentires quase a sucumbir sob o peso de uma grave injustiça, terás a sensação de uma força arcana infinita, que te sustenta, que te torna capaz de propósitos bons e viris, cujo poder ficarás maravilhado quando voltares a estar sereno. E essa força é Deus!”
Neste período do Advento, somos chamados, caríssimos, a nos examinar sobre a nossa vida: em que se fundamenta? A cada um a resposta do fundo do seu coração. Mas, vos lembreis: “confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a nossa fortaleza eterna” (Is 26,4).
Boa meditação, caríssimos. JB