Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

1ª Semana – Sexta-feira – Advento

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S. Francisco Xavier, Presbítero (séc. XVI)

Mt 9, 27-31

Dois cegos acreditam em Jesus e são curados

 

Hoje, o Evangelho nos faz meditar sobre o milagre feito por Jesus aos dois pobres cegos que O seguiam, pedindo de todo o coração, “Filho de David, tem piedade de nós”, portanto, Lhe imploravam que os curasse, porque queriam, das suas cegueiras, vir à luz.

Só o facto de terem seguido Jesus já é o início da cura, porque quem se põe atrás d’Ele Lhe confia a vida, com as suas feridas e defeitos e, logo, começa a professar a fé n’Ele. Pois, aquela fé que “é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hb 11,1). Por isso, esta certeza de cura que tais cegos esperam de Jesus se torna o requisito fundamental para que Ele realize o milagre: “Acreditais que posso fazer o que pedis?’ Eles responderam: ‘Acreditamos, Senhor’. Então Jesus tocou-lhes nos olhos e disse: Seja feito segundo a vossa fé”.  

Jesus, sempre bom e poderoso como Salvador, cuida de toda cegueira e mesquinhez.  Ele nos ama em nossas falhas e defeitos, dando-nos, porém, uma chance para sairmos deles. Portanto, Ele atende o seu pedido urgente e lhes devolve a visão, o que os inserirá mais plenamente na vida familiar e social. Em suma, Ele cumpre o que Isaías já havia predito: “libertos da escuridão e das trevas, os olhos dos cegos tornarão a ver” (Is 29,18). Da sua fé, portanto, eles tiveram uma cura que vai além da cegueira física, chegando mesmo a uma total salvação.

Irmãos e irmãs, caríssimos: nós – examinemos a nossa consciência -, quantas vezes o nosso coração, fechado pelo orgulho e pelo egoísmo, fecha também os nossos olhos, nos tornando cegos incrédulos, e só vemos as injustiças recebidas, os defeitos dos outros e nunca as suas boas qualidades?!  Somos cegos porque o nosso coração não se converte e, por isso, precisando-nos dos olhos de fé, urge rezar: “cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sl 51,12).

O saudoso Pino Caruso, ator e escritor italiano, nos seus aforismos, dizia: “a cegueira na fé envolve o risco de acreditar em um Deus que não existe” (‘Ho dei pensieri che non condivido’, 2009). Muitas vezes é isto que acontece connosco pecadores e pobres mortais.

Por isso, neste tempo de Advento, peçamos com insistência ao Senhor que nos liberte das nossas trevas interiores, a nossa falsa fé n’Ele, que nos faça recuperar os olhos de fé, e nos deixemos iluminar pela sua Palavra, para que tomemos consciência do vazio que nos impede de sentir e operar em plena harmonia com o Evangelho, colocando-nos sob a poderosa luz da verdade e do amor divino.

Boa meditação, caríssimos. JB