S. Ambrósio (séc. IV)
Mt 18, 12-14
“Que vos parece?”
Como Jesus bem questionou os seus discípulos naquele tempo, esta pergunta também nos interpela e nos ajuda a não nos sentirmos distantes ou alheios à sua preocupação para com os pequeninos.
“Que vos parece?” Com esta pergunta, Jesus Cristo revela a sua essência, fazendo-a coincidir com o papel de pastor: solícito e atento a todos, sabe ver o que nem todos vêem, se aproxima de todos, não espera senão a possibilidade de exprimir a sua solicitude para com todos, mesmo sem ser solicitado.
E com isto, Ele apenas confirma o que Isaías já tinha profetizado: “como um pastor, Deus … reunirá os animais dispersos; tomará os cordeiros em seus braços, conduzirá as ovelhas ao seu descanso” (Is 40,11). De facto, o Senhor nos diz: “não é da vontade de meu Pai que está nos Céus que se perca um só destes pequeninos”. Deus não quer que se percam os pequeninos.
A nossa preciosidade aos seus olhos (cf. Is 43,4) justifica a atitude de Deus para connosco. Ele nos procura com ansiedade, procura os que estão perdidos e os que já não se encontram, e tem um ‘fraco’ por aqueles que mais se afastam d’Ele.
Deus não aponta o dedo para os filhos que se afastaram do seu olhar, abandonando o seu redil. Ele faz como a amada do Cântico dos Cânticos, procura-os até os encontrar: são os seus tesouros e não os quer perder (cf. Ct 3). Ele me procura, te procura, está à procura de nós, que talvez pensamos que não estamos perdidos, supomos que não somos procurados por ninguém.
E enquanto Ele me procura, quando e quanto eu O procuro? Ele que deveria ser o único a ser procurado por mim, quanto tempo Lhe dou, qual é o seu espaço na minha vontade, nos meus sentimentos, nas minhas decisões? Não é que, nesta busca de Deus, queiramos lamentar como Santo Agostinho: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava fora … Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez”.
Portanto, neste tempo de Advento à espera do Senhor que vem, façamos nossa esta oração do saudoso Cardeal Carlo Maria Martini (1927-2012): “Fazei, ó Senhor, que nos deixemos ser procurados por Vós … que nos deixemos ser valorizados pela busca de vosso Filho, que não nos opomos a Ele com uma concepção mesquinha e estreita de nós mesmos, mas que nos deixemos ser reintegrados na nossa plenitude, aquela que Vós, no teu divino desígnio, predestinastes para cada um de nós, em Cristo Jesus nosso Senhor. Ámen”.
Boa meditação, caríssimos. JB