“A quem poderei comparar esta geração?”
Mt 11, 16-19
João Batista atraiu multidões e gozou de grande fama e respeito. No entanto, mesmo as palavras mais sedutoras, se o coração estiver fraco, não conseguem penetrar. E infelizmente o acusaram de ter “o demónio com ele”.
O mesmo aconteceu também com Jesus: após um primeiro momento de euforia, acabaram por redimensionar a Boa Nova trazida por Ele, identificando-O como “glutão, ébrio, amigo de publicanos e pecadores”. Em suma, eles acabaram por não escutar nem o João nem o Filho do Homem. Quão difícil é agradar os homens!
Pois é, ainda hoje, diante de profetas como João, o mundo vive como aquelas crianças caprichosas que Jesus observa brincando na praça – “tocámos flauta e não dançastes; entoámos lamentações e não chorastes”. Muitas vezes, nos limitamos às emoções, e estas matam a conversão, fazendo-nos permanecer na nossa incredulidade.
E não foi em vão que Jesus nos advertiu que não podemos servir a dois senhores, Deus e o dinheiro (cf. Mt 6,24). Ele nos convida a tomar uma decisão: ou com Deus, ou contra Deus; “Deus ou nada”, diria o grande Cardeal guinense Robert Sarah. Tudo porque corremos o risco de sermos apáticos e indolentes, como Dante Alighieri (digamos Camões italiano) os chama, “nem carne nem peixe”, e assim, nos tornando indignos de Reino dos Céus.
Caríssimos, a nossa salvação está em jogo e não podemos brincar. Sempre resmungando, que é sinal de grande descontentamento no coração, nos faz afastar da possibilidade de nos apoderarmos de nós mesmos e dar sentido a vida que optamos.
Precisamos de um coração desperto que saiba surpreender e acolher com fé a notícia inédita de um Deus que se veste de fragilidade humana. Somente aqueles que seguem Jesus na fé entendem tanto a austeridade de João Batista quanto a docilidade e misericórdia de Cristo para com o homem. Eles reconhecem nas ações destes dois a sapiência de Deus em ação.
Que o Senhor nos dê também essa sua sapiência para que possamos reconhecê-la nos seus servos e o nosso juízo seja sempre guiado por ela.
Boa meditação, caríssimos. JB