S. Luzia, Virgem e Mártir (sec. III-IV)
Mt 21,23-27
“Com que autoridade fazes tudo isto? Quem Te deu tal direito?”
Os líderes religiosos de Israel não suportam que um iniciante e um estranho como Jesus roube a sua profissão e também a sua influência sobre o povo. Então O acusam de não ter título: não é doutor em Direito, não estudou nas escolas rabínicas e não tem qualificação ou credencial pra tal.
“Com que autoridade fazes tudo isto? Quem Te deu tal direito?”. Sabendo das suas intenções, Jesus também lhes pergunta, apelando a João Baptista – “Donde era o baptismo de João?” –, mesmo sabendo que o seu precursor, que era considerado um grande profeta pela multidão, havia sido preso e decapitado. De facto, ele também era uma voz fora do coro que confrontava aqueles que, mesmo dizendo “Senhor, Senhor” (Mt 7,21), manchavam o nome de Deus com uma vida que não era exemplar.
E nos fariseus abrigava a tentação de privatizar a obra de Deus e administrá-la, erguendo muros que impedissem os ‘não especialistas’ de terem acesso ao mistério. Porém, o Espírito sopra onde quer (cf. Jo 3, 8), dentro e fora do recinto do sagrado, valendo-se também de pessoas comuns e consideradas distantes. Daí que permanecendo fechados na sua inveja, individualismo e escravos do seu pequeno mundo de poder, os fariseus não foram capazes de interpretar o hoje de Deus.
Pois, a cegueira mais grave é a da vontade, isto é, a de não querer ver porque se presume saber mais do que Jesus. E comentando esta passagem bíblica, Jean Battista Metz, teólogo católico alemão (1928-2019), dizia: “o impedimento mais forte para reconhecer a vinda de Deus é o poder da nossa presunção”.
Além disso, a fé nem sempre coincide com a “religião”: se não se transformar em fogo e iluminar a vida, a religião se torna monótona e nos deixa indiferentes. E a humanidade de hoje não é tão diferente, pois que ela não perdeu a tal capacidade de perceção.
Mas Jesus continua a vir ao nosso encontro diariamente, falando-nos com autoridade na Eucaristia, nas Escrituras, nas pessoas e nos acontecimentos. Sempre que Ele encontra essa coincidência entre dizer e fazer, entra em ação e se deixa interpelar.
Portano, convictos que “surgirá uma estrela de Jacob, levantar-se-á um ceptro de Israel” (Num 24,17a), peçamos ao Senhor que, pela intercessão de Santa Luzia, “aquela que irradia luz”, nos dê a luz para que vejamos n’Ele a verdade e a razão de tudo.
Boa meditação e bom início da Semana, caríssimos! JB