Lc 7, 19-23
“És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar outro?”
João Batista está na prisão, provavelmente já se resignou mais ou menos de não sair vivo daí. Mas antes de recitar, na consciência, o Canto de Simeão “agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque meus olhos viram a salvação …” (Lc 2,29-30), ele, “o maior entre todos nascidos de mulher” (Mt 11,11), vem arrasado pela atroz dúvida que, não obstante tudo, ainda permanece estável a sua estatura como gigante do espírito.
Na verdade, a sua dúvida é um conforto para as nossas dúvidas. E quem duvida, se interroga a si mesmo. Porém, nesse ínterim, Deus continua a amar. Duvidamos, mas a confiança em Deus permanece intacta, daí a pergunta de Baptista: “És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar outro?”
Jesus não responde com um simples “sim, sou eu”, Ele reenvia os emissários de Baptista às suas ações, ao que aconteceu e acontece graças a Ele: “os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciado o Evangelho”, enfim, Ele oferece aos homens novas oportunidades para recomeçar.
Ademais, por onde passa e toca, o Senhor cura e faz florescer a primavera. A resposta aos nossos medos é uma só: o encontro com Jesus que dará vida a novos prodígios. E se continuo o mesmo de sempre, preso nas minhas fragilidades, significa que algo está errado no meu relacionamento com o Senhor.
Os fatos elencados por Jesus podem deixar indiferente o mundo dos autorreferenciais (os orgulhosos, os que estão cheios de si, etc.). Mas somente para eles, porque Deus se revela para aqueles que pelo menos mantêm a porta do seu coração entreaberta.
Está de facto que Ele nunca prometeu resolver os problemas da história com uma varinha mágica. Ele prometeu, sim, outra coisa: plantar nos nossos corações uma semente cujo crescimento será com a cura amorosa de Pai.
A cura do coração, porém, se torna realidade se nos abrirmos aos que sofrem, se enxugarmos as lágrimas, se dermos esperança, se cuidarmos de cada rebento com a paciência de um agricultor.
Boa meditação, caríssimos. JB