Lc 1, 39-45
“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio…”
Mais uma vez a liturgia nos propõe o Evangelho que meditamos no passado domingo, onde a expectativa ativa e solícita de Maria se concretiza com a visita à prima Isabel.
Ain Karim, onde vive Isabel, dista de Nazaré quase 150 km. E Maria faz a viagem ao encontro da sua prima grávida, confiando plenamente nas palavras do anjo Gabriel, isto é, “a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril” (Lc 1,36).
Como escreve Lucas no seu evangelho: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio”. Nas duas mulheres encontram-se e reconhecem-se antes de tudo os frutos do seio de ambas, João e Cristo. Prudêncio, poeta romano e cristão (IV sec.), comenta: “O menino contido no seio senil saúda, pelos lábios de sua mãe, o Senhor filho da Virgem” (Apotheosis, 590).
É, portanto, encontro de duas mulheres grávidas, duas futuras mães. São diferentes nas idades, mas envolvidas na mesma loucura privilegiada de Deus: uma será a mãe do Batista, a outra do Messias; uma será a mãe do Precursor, a outra do Salvador; uma mãe da Voz, outra da Palavra, do Senhor.
Ambas se regozijam cheios do Espírito. Se alegram porque tudo o que aconteceu é o cumprimento de cada expectativa, de cada esperança e de cada promessa. Se alegram porque Deus se aproximou e veio visitar o seu povo: “Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor”. S. Ambrósio, na sua Exposição sobre o Evangelho de São Lucas, nos diria: “Bem-aventurados também vós, que ouvistes e acreditastes, pois toda a alma que acredita, concebe e dá à luz o Verbo de Deus e reconhece as suas obras (Lib. 2, 19. 22-23. 26-27).
É a mensagem que todos podem descobrir para louvar ao Senhor diante do testemunho de tantas pessoas queridas e próximas que mostram em suas vidas a forte fé de quem só espera em Deus. A partir desta mensagem, Maria e Isabel nos ensinam a confiar em Deus sem dar muito espaço às razões humanas.
Se a nossa vida está cheia de problemas, se a nossa vida está oprimida pela dor, ainda podemos deixar que o Menino esperado possa fazer o nosso coração exultar de alegria; ainda podemos nos alegrar porque Deus, que supera o impossível – “a Deus nada é impossível” (Lc 1,37), quer, por nosso intermédio, continuar salvando o mundo. Nós fazemos parte dessa história, podemos lê-la nas nossas vidas, aprender a conhecê-la e realizá-la.
A vida merece ser vivida e colocada nas mãos de Deus, mesmo no meio das adversidades e das incertezas. Ainda repito, é Ele quem a acompanha e a guia até o porto. Alegremo-nos, irmãos, Deus ainda escolhe nascer neste mundo. Que o nosso coração se torne uma pista de pouso para Aquele que nunca cessa de habitar entre nós, principalmente nestes tempos de provação.
Boa meditação e boas festas de Natal a cada um de vós, caríssimos! JB