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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

22 de Dezembro

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Lc 1, 46-55

Maria disse: A minha alma glorifica o Senhor …

 

Estamos prestes a celebrar o Natal do Senhor. E a Liturgia faz bem, nestes últimos dias do Advento, centrar a nossa atenção espiritual na figura de Maria, que assim se torna o mais sublime modelo de preparação imediata para o grande acontecimento.

E hoje, o Evangelho nos repropõe o Magnificat, qual “cântico de louvor” composto por Maria na casa de Isabel. Nele, na verdade, Maria, mãe e modelo de cada discípulo de Jesus, dá graças a Deus.

Magnificat significa “sois grande, Deus”.  Maria enriquece o cântico com citações bíblicas, com palavras dos Salmos e Profetas escutadas na sinagoga de Nazaré. E a propósito, France Quéré, teóloga francesa protestante (1936-1995), dizia: “Esta mulher é uma Bíblia aberta. Ela a retira do silêncio do pergaminho e lhe empresta a sua voz inocente e clara … Sim, o Magnificat merece o seu nome, é o poema de todas as dimensões”.

Pois, nele, Maria tece elogios a Deus pela forma como interveio e intervirá na sua vida de humilde filha de Israel, chamada a ser a porta para o ingresso de Deus no mundo. Ela louva o Senhor mesmo que a sua existência seja uma mistura de luzes e sombras, de amor e dor, de perseverança e luta de Nazaré ao santo Sepulcro.

Maria, mulher da escuta, que, ao sacrificar o seu “eu”, confia em Deus e Lhe dá lugar no seu coração, antes mesmo de ser acolhido no corpo. Pois, como dizia Blaise Pascal (matemático, físico, escritor, inventor, filósofo e teólogo católico francês do séc. XVII), “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Pois, do coração, ela proclama: “derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; as famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias … ”.

Portanto, ela aclama a reviravolta operada pelas mãos do Senhor, isto é, a grandeza dos humildes, a predileção pelos pobres, portanto, a alegria daqueles que o mundo ignora … Ela proclama porque está entre os humildes e os pobres. E a mudança, qual conversão por ela desejada, deve ocorrer antes de tudo no coração daqueles que repetem e rezam o Magnificat.

Maria reza com Isabel, e a casa desta última se transforma num santuário. Duas mulheres, num mundo machista, agradecem e louvam a Deus, enquanto esperam de ser mães.

Irmãos e irmãs, caríssimos: recomecemos, com Maria e Isabel, a rezar juntos na família, tornando a vida uma bênção, e assim, as nossas casas terão a fragrância de céu.

Boa meditação e boas festas de Natal a cada um de vós, caríssimos! JB