Mt 2, 13-18
“Herodes mandou matar em Belém todos os meninos de dois anos ou menos…”
Apenas recém-nascido, Jesus é caçado imediatamente. Nascido em Belém durante um censo, Ele terá que ir para o exílio no Egito e retornar a Nazaré apenas quando tiver três anos.
Ele será o hóspede das populações nômades na orla do deserto ou de famílias em fuga como a sua; vai aprender novas línguas e outras culturas. Incômodo sem fim. A precariedade será o seu alento quotidiano, ainda que Maria e José multipliquem as atenções pelo seu pequeno Tesouro que veio ao mundo revelar o rosto de invisível Deus.
O sofrimento já marcará as suas primeiras horas de vida: Herodes não admite competidores; também Deus faz a sombra a um tirano que vê o seu trono periclitando. Daí que este liberta a sua fúria assassina, “mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo”, com o intuito de eliminar a vida do Messias.
Herodes passou… mas o drama a ainda continua. Continuo um drama, como escrevia o Papa Francisco, de “uma inocência dilacerada sob o peso do trabalho ilegal e escravo, sob o peso da prostituição e da exploração. Inocência destruída pelas guerras e pela emigração forçada com a perda de tudo o que isso implica. Milhares de crianças nossas caíram nas mãos de bandidos, de máfias, de mercadores de morte cuja única coisa que fazem é malbaratar e explorar as suas necessidades” (Carta aos Bispo, na ocasião da Festa dos Santos Inocentes, 2016).
A violência contra as crianças, portanto, é indescritível. O mundo não aprende, mesmo sabendo que, promovendo a vida dos mais pequeninos, salva o futuro. Pois, urge salientar, que os olhos deles são verdadeiras janelas através das quais se contempla Deus, e a sua dor é tão absurda quanto a do Senhor Jesus na cruz.
Que a fé possa libertar o Natal da visão idílica e levar-nos de volta à sua natureza profunda: uma luta entre a luz e as trevas, entre a alegria e a tristeza, entre quem acolhe e quem rejeita Deus.
Boa meditação e Boas Entradas, caríssimos. JB