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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2023

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“Aprendei a fazer o bem, procurai ajustiça” (Isaías 1,7)

O tema para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2023 foi escolhido por um grupo de cristãos nos Estados Unidos da América (USA) convocado pelo Conselho de Igrejas de Minnesota, os subsídios para as reflexões foram preparados pelo mesmo grupo. O grupo internacional, que em seu conjunto era apoiado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas para preparar materiais para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2023, encontrou-se com delegados do Conselho de Igrejas de Minnesota no Castelo de Bossey, na Suíça, de 19 a 23 de setembro de 2021.

Quando Covid-19 veio sobre o mundo em março de 2020, o assassinato de um jovem afro-americano, George Floyd, pelas mãos do oficial de polícia de Minneapolis Derek Chauvin, atraiu para as ruas pessoas do mundo inteiro unidas num correto protesto contra a injustiça que testemunharam nas telas de televisão. Chauvin, que foi demitido imediatamente após o ataque se tornaria o primeiro oficial de polícia na história moderna condenado pelo assassinato de uma pessoa negra em Minnesota.

A história dos maus tratos às comunidades de cor nos Estados Unidos tem criado constantes inequidades e conflitos relacionais entre comunidades. Consequentemente, a história das Igrejas nos Estados Unidos tem nos temas raciais o maior fator de divisão eclesial. É por isso que o trabalho teológico sobre a unidade feito pela Comissão de Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas tem tradicionalmente procurado unir a busca pela unidade das Igrejas e a busca pela superação dos muros de separação, tais como o racismo, dentro da família humana. É por isso que a oração, especialmente a oração pela unidade dos cristãos, assume um significado ainda mais importante quando se situa no coração das lutas contra o que nos separa como seres humanos criados com igual dignidade à imagem e semelhança de Deus.

Os membros do grupo de escritores eram homens, mulheres, mães, pais, contadores de histórias e curadores. Eles representaram diversas experiências e expressões espirituais, tanto dos povos indígenas dos Estados Unidos como das comunidades que haviam emigrado à força ou voluntariamente – com diferentes níveis de acesso a suas histórias linguísticas e culturais, que agora chamam de lar essa região. Os membros do grupo representam regiões urbanas e suburbanas e muitas comunidades cristãs. Essa diversidade permitiu profunda reflexão e solidariedade através de muitas perspectivas,

Os membros do grupo de redação do Minnesota esperam que suas experiências pessoais de racismo e desvalorização de seres humanos servam como testemunho da desumanidade dos filhos de Deus uns para com os outros. E também com muita esperança que, como cristãos, eles incorporam o dom da unidade que vem de Deus para denunciar e erradicar as divisões que nos impedem de compreender e experimentar a realidade de sermos todos pertencentes a Cristo.

REFLEXÕES BÍBLICAS E ORAÇÕES

1º DIA

Aprendendo afazer o que é certo

Leituras

Isaias 1, 12-18

 Aprendei a fazer o bem, procurai ajustiça, chamai à razão o espoliador, fazei justiça ao órfão, tomai a defesa da viúva.

Lucas 10, 25-36

Perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?

  Reflexão

De acordo com Isaías, Deus quer o povo judeu não somente praticando ajustiça, mas assumindo o princípio de fazer sempre o que é certo, não somente em relação aos órfãos e viúvas, mas também fazendo o que é certo e bom para qualquer pessoa marginalizada na sociedade. A palavra hebraica para o ‘bem’ é yaw- tab, que significa ser alegre, cheio de prazer, agradável, fazer o bem, fazer algo bonito.

Ser cristão significa ser um discípulo. Todos os cristãos se colocam sob a Palavra de Deus, aprendendo juntos o que significa fazer o bem e percebendo quem está necessitado de sua solidariedade. A medida que a sociedade se torna indiferente às necessidades de outros, nós, como filhos de Deus, precisamos aprender a assumir a causa de nossos irmãos e irmãs oprimidos, falando a verdade para os poderosos e, se necessário, assumindo a causa deles para que possam viver em paz e com justiça. Fazendo assim estaremos sempre praticando o que é certo!

Nosso compromisso de erradicar e ser curados do pecado do racismo requer que estejamos preparados e que desejemos estar em bom relacionamento com nossos irmãos e irmãs cristãos.

Unidade dos Cristãos

Um mestre da lei perguntou a Jesus: “E quem é meu próximo”? A resposta de Jesus nos chama a ver além das divisões de religião, tribo e nacionalidade para reconhecer as necessidades do nosso próximo. Os cristãos também precisam olhar para além das divisões dentro da família cristã para reconhecer e amar aos nossos irmãos e irmãs em Cristœ Desafio

Quem são os marginalizados e oprimidos na nossa sociedade? Como Igrejas unidas podem caminhar juntas com esses irmãos e irmãs, atendendo suas necessidades e falando em seu favor?

Oração

Senhor, chamastes vosso povo da escravidão para a liberdade. Dai-nos força e coragem para ir ao encontro dos que permanecem em necessidade de justiça. Faz-nos perceber essa necessidade e providenciar ajuda, e através de vosso Santo Espírito, uninos no único rebanho de Jesus Cristo, nosso Pastor. Amém.

 

 

2º DIA

Quando o direito é colocado em prática…

 

Leituras

Provérbios 21, 13-15

Quando o direito é colocado em prática, para o justo é uma alegria, para o malfeitor, porém, uma calamidade

Mateus 23, 23-25

A justiça, a misericórdia e a fidelidade; é isto que era preciso fazer

 

Reflexão

O livro dos Provérbios já no seu início se dispõe a mostar-nos sabedoria no que diz respeito a uma “educação esclarecida com justiça, equidade e retidão” (Pr. 1,2-3). Através de seus oráculos de sabedoria, o chamado a agir comjustiça e buscar retidão é um refrão constante, incansavelmente partilhado e afirmado como sendo mais agradável para Deus do que sacrifícios. Numa frase preciosa de sabedoria, o orador assegura que existe correta alegria quando é praticada ajustiça. Mas ajustiça é algo que incomoda os praticantes de iniquidade. Os cristãos, no meio de suas separações, devem estar unidos na alegria quando a justiça é praticada e devem estar preparados para se manifestar juntos quando essa justiça encontra oposição. Quando fazemos o que o Senhor nos pede e ousamos buscar ajustiça, podemos nos encontrar em meio a um turbilhão de resistência e oposição diante de qualquer (nossa) tentativa de fazer o que é certo para os mais vulneráveis que estão entre nós.

Os que se beneficiam dos sistemas e estruturas fortalecidos pela supremacia branca e outras ideologias opressivas, como a separação das “castas” e O patriarcalismo, procurarão adiar e negar a justiça com o frequente uso da violência. Mas buscar ajustiça é atingir o coração desses poderes, abrindo espaço para o ordenamento justo e para a permanente sabedoria de Deus num mundo muitas vezes indiferente ao sofrimento. E ainda assim, há alegria em fazer o que é certo. Há alegria em afirmar que “Vidas negras têm importância” na busca de justiça para os oprimidos, dominados e explorados, os amados de Deus.

Há alegria em buscar reconciliação com outros cristãos para que possamos servir melhor na proclamação do Reino. Deixemos essa alegria se manifestar através de nossas experiências partilhadas da presença de Deus na comunidade, nos conhecidos e desconhecidos espaços aonde Deus vai conosco na direção da cura, da reconciliação e da unidade em Cristo.

Unidade dos Cristãos

As lideranças religiosas a quem Jesus se dirige na passagem do Evangelho tinham crescido acostumadas e acomodadas com as injustiças do mundo. Estavam felizes no cumprimento de deveres religiosos, como ofertas de hortelã, funcho e cominho, mas descuidavam de maiores e mais graves necessidades, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Da mesma forma os cristãos têm crescido acostumados e acomodados com as divisões que existem entre nós. Somos fiéis em muitas das nossas práticas religiosas, mas frequentemente deixamos de lado o desafiante desejo do Senhor de ver os seus discípulos unidos.

Desafio

Como as congregações locais podem apoiar umas às outras para enfrentar a oposição que pode surgir por conta da prática da justiça?

Oração

Deus, sois a fonte da nossa sabedoria. Oramos pedindo sabedoria e coragem para praticar a justiça, para dar resposta àquilo está errado no mundo, para fazer o que é certo. Pedimos sabedoria e coragem para crescer na unidade de vosso Filho, Jesus Cristo, que convosco e o Espírito Santo, reina agora e para sempre. Amém.

 

3º DIA

Busquem ajustiça, amem a misericórdia e caminhem humildemente

Leituras

Miquéias 6,6-8

O que o Senhor exige de ti: nada mais do que respeitar o direito, amar a fidelidade e aplicar-te a caminhar com teu Deus.

Marcos 10, 17-31

Bom Mestre, que devo fazer para ganhar em herança a vida eterna?

 

Reflexão

Nós – não eu. O profeta adverte o povo sobre o que significa a fidelidade no compromisso com Deus: “o que o Senhor exige de ti? Nada mais do que respeitar o direito, amar a fidelidade e aplicarte a caminhar com teu Deus”. Na Bíblia Hebraica, justiça e bondade (misericórdia) não são diferentes ou opostas entre si. Estão, de fato, ligadas juntas numa só palavra: mispat. Deus nos tem mostrado o que é bom, pedindo-nos a prática da justiça no amor, na bondade e na caminhada humilde com Deus. Caminhar humildemente com Deus significa caminhar junto com os outros e, portanto, não se trata apenas das coisas individuais: “da minha caminhada, do meu amor”.

O amor para o qual Deus nos convida é sempre um amor que nos une em comunhão: trata-se do nos — não do “eu”. Essa visão faz toda a diferença na maneira como ‘fazemos justiça’. Como cristãos agimos de modo justo para manifestar o Reino de Deus ao mundo, convidando, assim, outros para esse lugar da amorosa bondade de Deus. Dentro do Reino de Deus somos todos igualmente amados como filhos de Deus, e como Igreja de Deus somos chamados a nos amar uns aos outros como irmãos e irmãs e a convidar outros para viver esse amor.

Praticar a justiça, amar a bondade e caminhar humildemente com nosso Deus é algo que chama os cristãos a agirem juntos dando um testemunho unido do Reino de Deus em nossas comunidades: é para nos não para “mm”

Unidade dos Cristãos

‘Caminhar humildemente foi um desafio para o jovem rico que perguntou a Jesus o que precisava fazer para herdar a vida eterna. Ele tinha obedecido todos os mandamentos desde a sua juventude, mas não podia dar o seguinte passo para se unir aos discípulos de Jesus por causa da sua riqueza; ele estava dominado pelas suas posses. Como é difícil para os cristãos deixar de lado o que percebem como riqueza, mas que os afasta da riqueza maior de se unir aos discípulos de Jesus na unidade cristã.

Desafio

Como podem nossas Igrejas responder melhor às necessidades de nossos próximos mais vulneráveis?

Como podemos honrar cada voz em nossas comunidades?

Oração

Deus amoroso e cheio de graças, ampliai nossa visão para podermos enxergar a missão que partilhamos com todos os irmãos e irmãs cristãos, para sermos sinal da justiça e da amável bondade do vosso Reino.

Ajudai-nos a acolher os nossos próximos como vosso Filho nos acolheu.

Ajudai-nos a ser mais generosos à medida que testemunhamos a graça que livremente nos ofereceis.

Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

 

4º DIA

Eis as lágrimas do oprimido

Leituras

Eclesiastes 4, 1-5

Vi, de novo, todas as opressões praticadas sob o sol.

Eis as lágrimas dos oprimidos e não há para eles consolador; do lado dos opressores há força e não há para eles consolador.

Mateus 5, 1-8

Felizes os que choram, eles serão consolados.

 

Reflexão

“Eis as lágrimas do oprimido” Pode-se imaginar que o escritor tenha testemunhado no passado atrocidades como essa e com uma regularidade doentia. Ainda assim, talvez essa seja a primeira vez na qual o autor tenha verdadeiramente enxergado as lágrimas do oprimido, tenha plenamente interiorizado sua a dor e a sua dominação. Embora haja muito lamento, num novo modo de olhar e numa nova percepção existe também uma semente de esperança; talvez agora esse tipo de testemunho levará a uma mudança, fará uma diferença.

Uma jovem mulher olhou e percebeu as lágrimas do oprimido. O vídeo que ela fez no seu telefone do assassinato de George Floyd, em maio de 2020, foi visto pelo mundo inteiro e despertou uma santa ira quando as pessoas testemunharam, e finalmente perceberam, aquilo que afro-americanos têm experimentado por séculos: domínio indevido de sistemas opressores no meio de privilegiadas testemunhas cegas. A percepção dessa dolorosa realidade tem levado a um sentimento global de atrasada compaixão tanto em forma de oração como de protesto que pede justiça.

O progresso de simplesmente olhar para ver e compreender nos dá coragem para sermos atuantes nessa realidade terrena: Deus pode remover as escamas de nossos olhos para nos fazer perceber as coisas de modo novo e libertador. À medida que essas escamas caem, o Espírito Santo providencia uma nova visão interiorizada, uma nova convicção que nos faz responder de modos novos e livres. Uma resposta que as Igrejas e comunidades deram foi estabelecer uma tenda de oração na praça George Floyd, a praça onde aconteceu o assassinato. Desse modo, essas Igrejas e comunidades se uniram para oferecer conforto aos que viviam no luto e eram oprimidos.

Unidade dos Cristãos

O relato de Mateus sobre as bem-aventuranças começa com Jesus olhando as multidões. Ali ele teve de ver os que eram construtores de paz, os pobres de coração, os mansos, os que choram e os que têm fome de justiça. Nas bem-aventuranças, Jesus não somente menciona as lutas do povo, mas indica aquilo que eles são chamados a ser: filhos de Deus e herdeiros do Reino do céu. Como cristãos, somos chamados a contemplar as santas lutas de nossos irmãos e irmãs em Cristo.

Desafio

Como temos nos envolvido com grupos cristãos que lidam com a opressão na nossa vizinhança? Como as Igrejas, em nossa localidade, trabalham juntas para melhor mostrar a solidariedade com as vítimas de opressão?

Oração

Deus de justiça e graça, removei as escamas de nossos olhos para que possamos enxergar verdadeiramente a opressão à nossa volta. Isso pedimos em nome de Jesus, que viu as multidões e teve compaixão delas. Amém.

 

5º DIA

Cantando um canto do Senhor em terra estrangeira

 

Leituras

Salmo 137, 1-4

Ali os conquistadores nos pediram canções, e os nossos raptores, melodias alegres: Cantai para nós algum canto de Sião.

Lucas 23, 27-31

Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, mas chorai por vós mesmas e por vossos filhos.

Reflexão

O lamento do salmista tem origem no exílio de Judá na Babilônia. No entanto, a dor do exílio é uma dor que repercute ao longo do tempo e da cultura. Talvez o salmista tenha gritado aos céus esse refrão. Talvez cada versículo tenha ganhado voz entre profundos soluços de tristeza. Talvez esse poema tenha nascido com um gesto de indiferença que somente pode acontecer quando a pessoa vive dentro da injustiça e se sente sem poder para realizar alguma mudança significativa. No entanto, as palavras foram lançadas, a dor do coração dessa passagem encontrou ressonância nos corações daqueles que são tratados como estrangeiros em outras terras ou na sua própria terra.

O pedido no salmo vem do fato do opressor sorrir e ter alegria, cantar as canções de um passado “feliz: Esse pedido foi feito aos povos marginalizados ao longo da história. Seja em shows de menestrel 10 danças de Gueixas I ou shows de índios e vaqueiros do Oeste selvagem 12 Os opressores frequentemente ordenavam aos oprimidos que se apresentassem num espetáculo alegre para garantir a sua própria sobrevivência. A mensagem dos opressores é tão simples como é cruel: as canções deles, suas cerimônias, sua identidade cultural, aquilo que os tornava sacramente únicos só seriam permitidos se estivessem a serviço de quem estava no comando.

Nesse Salmo gerações de oprimidos tiveram voz. Como poderíamos cantar a canção do Senhor sendo estrangeiros em nossa própria terra? Não cantamos para nossos captores, mas para louvar a Deus. Cantamos porque estamos cercados por uma nuvem de testemunhas. Os antepassados e os santos nos inspiram. Eles nos encorajam a cantar canções de esperança, canções de libertação, canções de uma terra natal onde um povo é restaurado.

Unidade dos Cristãos

O Evangelho de Lucas lembra que o povo, com muitas mulheres, seguiu a Jesus mesmo quando ele carregava sua cruz para o Calvário. Esse seguimento é um discipulado fiel. Além disso, Jesus reconhece as lutas deles e o sofrimento que terão de suportar ao carregar fielmente suas próprias cruzes.

Graças ao movimento ecumênico, os cristãos hoje partilham hinos, orações, reflexões e pontos de vista enriquecidos pelas várias tradições. Recebemos isso uns dos outros como dons nascidos da fé e do discipulado amoroso, frequentemente em meio a disputas, de cristãos de comunidades diferentes da nossa. Esses dons partilhados são riquezas a serem valorizadas e dão testemunho da fé que partilhamos.

Desafio

Como recordamos as histórias dos antepassados e dos santos que viveram em nosso meio e cantaram hinos de fé, esperança e libertação do cativeiro?

Oração

Deus dos oprimidos, abri nossos olhos para os danos que continuam sendo infligidos a nossas irmãs e irmãos em Cristo. Venha o vosso Espírito dar-nos a coragem para cantar em uníssono e erguer nossas vozes com aqueles que sofrem sem ser ouvidos. Isso vos pedimos em nome de Jesus. Amém.

DIA 6

TODAS AS VEZES QUE O FIZESTES A UM DESTES  MAIS PEQUENOS… FOI A MIM QUE O FIZESTES.

 

Leituras

Ezequiel 34, 15-20

A ovelha perdida eu a buscarei; a que se desgarrou, eu a reconduzirei; a que quebrou a pata, eu a tratarei; a enferma, eu a fortalecerei.

Mateus 25, 31-40

Em verdade vos declaro, todas as vezes que o fizestes a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi amim que o fizestes.

Reflexão

No Evangelho de Mateus, somos lembrados de que não podemos separar o amor de Deus do amor ao próximo. Amamos a Deus quando alimentamos os famintos, quando damos algo de beber aos sedentos,     No Evangelho de Mateus, somos lembrados de que não podemos separar o amor de Deus do amor ao próximo. Amamos a Deus quando alimentamos os famintos, quando damos algo de beber aos sedentos, quando acolhemos o estrangeiro, vestimos ao que está nu, cuidamos dos doentes e

Nos anos de 2020 e 2021 ficou visível o imenso sofrimento entre os membros da família de Deus. A pandemia do Covid-19, espalhada mundialmente junto com disparidades econômicas, educacionais e ambientalistas, nos impactou de modos que precisarão de décadas para serem reparados. O sofrimento individual e coletivo ficou exposto pelo mundo e uniu cristãos em amor, empatia e solidariedade. Enquanto isso, em Minnesota, o assassinato de George Floyd pelo oficial

de polícia Derek Chauvin expôs a constante injustiça racial. O grito de Floyd dizendo “Não posso respirar” foi também o grito de muitos que sofriam sob o peso tanto da pandemia como da opressão,

Deus nos chama a honrar a santidade e a dignidade de cada membro da família de Deus. Cuidar, servir e amar os outros não revela quem eles são, mas quem nós somos. Como cristãos, precisamos estar unidos na nossa responsabilidade de amar e cuidar de outros, pois somos cuidados e amados por Deus. Ao fazê-lo , vivemos e partilhamos nossa fé através de nossas ações a serviço do mundo,

Unidade dos Cristãos

O profeta Ezequiel descreve o Senhor Deus como um pastor que reúne o rebanho recolhendo os que se extraviaram e cuidando dos que estão feridos. A unidade é o desejo do Pai para seu povo e ele continua a realizar essa unidade, para deixar o rebanho íntegro, através da ação de seu Espírito Santo. Com a oração, abrimo-nos para receber o Espírito que restaura a unidade de todos os batizados.

Desafio

Como esses ‘mais pequeninos dentre todos” estão invisíveis para nós ou para a nossa Igreja?

Como podem nossas Igrejas trabalhar juntas para cuidar deles e servi-los?

Oração

Deus de Amor, nós agradecemos o vosso cuidado e o vosso amor sem fim por nós. Ajudai-nos a cantar canções redentoras. Abri largamente nossos corações para recebermos vosso amor e estendermos nossa compaixão para à toda a família humana. Assim oramos em nome de Jesus. Amém,

DIA 7

O Que é agora não precisa ser

 

Leituras

Jó 5, 11-16

Para o indefeso surgiu uma esperança, e a infâmia se encontrou amordaçada.

Lucas 1, 46-55

Ele precipitou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.

Reflexão

Jó estava vivendo uma vida boa e de repente perdeu os seus bens e os seus servos, além de sofrer a devastação pela morte dos seus filhos. Ele estava sofrendo na mente, no corpo e no espírito. Todos nós temos sofrimentos que se manifestam em nossas mentes, corpos e espíritos. Podemos nos afastar de Deus e dos outros. Podemos perder a esperança. Como cristãos, porém, estamos unidos em nossa crença de que Deus está conosco no meio do nosso sofrimento.

Em 11 de abril de 2021, em Minnesota, Daunte Wright, , um afro-americano de 20 anos de idade, desarmado, recebeu um tiro fatal de um oficial de polícia branco durante uma parada de trânsito de rotina. Esse incidente ocorreu durante o julgamento de Derek Chauvin por matar George Floyd, É fácil sentir-se sem esperança quando de novo nos lembramos que vivemos em uma sociedade fraturada que não reconhece plenamente, não respeita nem protege a dignidade humana e a liberdade de todos os seres humanos. Podemos lembrar as palavras de Pe. Bryan Massingale, um líder católico e especialista em questões de ética social e justiça racial: “A vida social é feita por seres humanos. A sociedade em que vivemos é resultado de escolhas e decisões humanas. Isso significa que seres humanos podem mudar as coisas. O que seres humanos quebram, dividem e separam, nós podemos com a ajuda de Deus também curar, unir e restaurar. O que existe agora não precisa ser sempre assim, pois aí temos a esperança e o desafio”. (tradução livre)

Na oração, os cristãos orientam seus corações ao coração de Deus, para amar o que Ele ama e amar como Ele ama. A oração feita com integridade, portanto, coloca os corações dos cristãos além de suas divisões, para amar o que, quem e como Deus ama e para expressar esse amor em nossas ações.

Unidade dos Cristãos

O Magnificat é a canção da alegria de Maria por tudo que ela vê Deus fazendo: restaurando a igualdade, erguendo os que foram rebaixados, corrigindo a injustiça, alimentando os famintos e lembrando Israel, seu servidor. O Senhor nunca esquece suas promessas ou abandona seu povo. E fácil não perceber ou desvalorizar a fé dos que pertencem a outras comunidades cristãs, especialmente se essas comunidades são pequenas, Mas o Senhor torna seu povo completo erguendo os menores para que o valor de cada um seja reconhecido. Somos chamados a ver como Ele vê e a valorizar cada um de nossos irmãos e irmãs cristãos como Ele os valoriza.

Desafio

Como podemos nos unir em Cristo com esperança e fé de que Deus irá “fechar a boca da injustiça?

Oração

Deus da esperança, ajudai-nos a lembrar que estais conosco em nosso sofrimento. Ajudai-nos a ser sinal de esperança uns para os outros quando a desesperança é um frequente hóspede em nossos corações. Concedei-nos o dom de estarmos alicerçados em vosso Espírito amoroso ao trabalharmos juntos para erradicar todas as formas de opressão e injustiça.

Dai-nos a coragem de amar o que, quem e como amais, expressando esse amor em nossas ações. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

 

DIA 8

A justiça que restaura a comunhão

Leituras

Salmo 82, 1-4

Sede juízes para o fraco e o órfão, fazei justiça ao infeliz e ao indigente.

Lucas 18, 1-8

Deus não faria justiça aos seus eleitos que clamam a Ele dia e noite?

Reflexão

O livro dos Salmos é uma coleção de preces, louvores, lamentações e instruções de Deus para nós. No Salmo 82, Deus pede umajustiça que engloba os direitos humanos básicos que são para todo o povo: liberdade, segurança, dignidade, saúde, igualdade e amor. O Salmo também pede a transfonnação dos sistemas de disparidade e opressão, eliminando o que for injusto, corrupto ou explorador. Essa é a justiça que nós, como cristãos, somos chamados a promover. Na comunidade cristã, unimos nossas vontades e ações às de Deus, enquanto ele realiza sua salvação em favor da criação. A divisão, inclusive entre os cristãos, tem sempre o pecado em sua raiz, e a redenção sempre restaura a comunhão.

Deus nos chama para colocar em ação a nossa fé cristã, para agir, considerando que toda pessoa é preciosa, que as pessoas são mais importantes que as coisas, e que a medida de toda estrutura institucional na sociedade se verifica pela ameaça ou pela defesa da vida e da dignidade de cada pessoa. Toda pessoa tem o direito e a responsabilidade de participar na sociedade, buscando em conjunto o bem comum e o bem-estar de todos, especialmente dos mais pequeninos e desamparados.

No livro “Jesus e os deserdados’ (Jesus and the disinherited), o Reverendo Dr. Howard Thurman, que era o conselheiro espiritual do Reverendo Dr. Martin Luther King Jr, declara o seguinte: “Precisamos proclamar a verdade que toda vida é una e que estamos todos unidos. Portanto, é obrigatório que trabalhemos por uma sociedade na qual as pessoas mais desamparadas possam encontrar refúgio e alimento. Precisamos colocar nossas vidas no altar da mudança social para que seja quem for a pessoa, esta tenha o Reino de Deus a seu alcance”.

Unidade dos Cristãos

Jesus conta a parábola da viúva e do juiz injusto para ensinar às pessoas que “há necessidade de orar constantemente e não desanimar” (LC 18,1). Jesus teve uma vitória decisiva sobre a injustiça, o pecado e as divisões, e como cristãos, nossa tarefa é acolher essa vitória em primeiro lugar em nossos próprios corações através da oração e, em segundo lugar, em nossas vidas através da ação .

Que nunca desanimemos, mas que estejamos constantemente em oração pelo dom da unidade que Deus nos oferece e que devemos tornar visível em nossas vidas.

Desafio

Enquanto povo de Deus, como nossas Igrejas são chamadas a se envolver com ajustiça que nos une em nossas ações de amor e serviço a toda a família de Deus?

Oração

Deus, Criador e Redentor de todas as coisas, ensinai-nos a olhar para dentro de nós e ficar enraizados em vosso amoroso Espírito, para que possamos ir adiante em sabedoria e ter a coragem de escolher sempre o caminho do amor e da justiça. Isso vos pedimos em nome de vosso Filho, Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.