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Mensagem do Bispo Diocesano para o Dia Mundial da Paz

Estamos a iniciar um novo ano, ano 2020 na nossa era cristã. Iniciamos o ano invocando Nossa Senhora Mãe de Deus, o primeiro título atribuído à Virgem Maria pela Igreja. Maria trouxe Deus no seu seio, foi verdadeiramente a “theotokos”, a arca de Deus. E deu à luz Deus, ao dar à luz Jesus Cristo, Deus encarnado entre nós. Maria é igualmente Mãe da humanidade. Na cruz, Jesus Cristo entregou-nos Maria como nossa Mãe. Desde sempre, a Igreja viu representada no discípulo João toda a humanidade. Que Ela vele por nós, seus filhos, a fim de fazermos deste ano um tempo de paz.

MENSAGEM PARA O DIA DA PAZ
1 DE JANEIRO DE 2020

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, ROGAI POR NÓS!

 

Que o Ano de 2020 seja verdadeiramente um Ano de Paz, vivido com um profundo sentimento de fraternidade, de diálogo, de partilha, de preocupação pela terra como a nossa Casa Comum.

 

D. Manuel António Mendes dos Santos | Bispo Diocesano

Estamos a iniciar um novo ano, ano 2020 na nossa era cristã. Iniciamos o ano invocando Nossa Senhora Mãe de Deus, o primeiro título atribuído à Virgem Maria pela Igreja. Tal aconteceu no Concílio de Éfeso de 431. Com este título, pretendia-se afirmar que Jesus Cristo encarnou no seio de Maria na sua dupla condição de homem e de Deus. Maria trouxe Deus no seu seio, foi verdadeiramente a “theotokos”, a arca de Deus. E deu à luz Deus, ao dar à luz Jesus Cristo, Deus encarnado entre nós. Por isso Maria pode ser verdadeiramente chamada “Mãe de Deus”, ao ser Mãe de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Maria é igualmente Mãe da humanidade. Na cruz, Jesus Cristo entregou-nos Maria como nossa Mãe. Desde sempre, a Igreja viu representada no discípulo João toda a humanidade. Por isso, desde sempre a Igreja se atreveu a invocar Maria como nossa Mãe. E, como já disse, iniciamos o novo ano confiando-o a Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa. Que Ela vele por nós, seus filhos, a fim de fazermos deste ano um tempo de paz.

 

CAMINHOS DE CONSTRUÇÃO DA PAZ

O Santo Padre, na sua Mensagem para este Dia Mundial da Paz, afirma que a paz se constrói:

Nos caminhos da esperança. «A esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis».
Sem medos nem desconfianças. «A paz e a estabilidade internacional são incompatíveis com qualquer tentativa de as construir sobre o medo de mútua destruição ou sobre uma ameaça de aniquilação total. São possíveis só a partir duma ética global de solidariedade e cooperação ao serviço dum futuro modelado pela interdependência e a corresponsabilidade na família humana inteira de hoje e de amanhã».
Aceitando o outro com as suas diferenças. «Sabemos que, muitas vezes, a guerra começa pelo facto de não se suportar a diversidade do outro, que fomenta o desejo de posse e a vontade de domínio. Nasce, no coração do homem, a partir do egoísmo e do orgulho, do ódio que induz a destruir, a dar uma imagem negativa do outro, a excluí-lo e cancelá-lo.»
Preservando a memória do passado como lição para o presente. «Não podemos permitir que as atuais e as novas gerações percam a memória do que aconteceu, aquela memória que é garantia e estímulo para construir um futuro mais justo e fraterno».
Apostando no diálogo e na construção de uma sociedade igualitária. «Só se pode chegar verdadeiramente à paz quando houver um convicto diálogo de homens e mulheres que buscam a verdade mais além das ideologias e das diferentes opiniões».
Através de uma vontade política de reconciliação e unidade entre as pessoas. «É preciso, antes de mais nada, fazer apelo à consciência moral e à vontade pessoal e política. Com efeito, a paz alcança-se no mais fundo do coração humano, e a vontade política deve ser incessantemente revigorada para abrir novos processos que reconciliem e unam pessoas e comunidades».
Buscando a verdade e a justiça. «O processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo. É um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça».
No respeito pela criação de Deus, procurando fazer da terra uma casa de todos, através de uma vida sóbria e de partilha dos bens. «Este caminho de reconciliação inclui também escuta e contemplação do mundo que nos foi dado por Deus, para fazermos dele a nossa casa comum. De facto, os recursos naturais, as numerosas formas de vida e a própria Terra foram-nos confiados para ser «cultivados e guardados» (cf. Gn 2, 15) também para as gerações futuras, com a participação responsável e diligente de cada um. Além disso, temos necessidade duma mudança nas convicções e na perspetiva, que nos abra mais ao encontro com o outro e à receção do dom da criação, que reflete a beleza e a sabedoria do seu Artífice.»
Vivendo o perdão de Cristo, nomeadamente através do sacramento da reconciliação, e tornando-nos em instrumentos de perdão e misericórdia. «Para os discípulos de Cristo, este caminho é apoiado também pelo sacramento da Reconciliação, concedido pelo Senhor para a remissão dos pecados dos batizados. Este sacramento da Igreja, que renova as pessoas e as comunidades, convida a manter o olhar fixo em Jesus, que reconciliou «todas as coisas, pacificando pelo sangue da sua cruz, tanto as que estão na terra como as que estão no céu» (Col 1, 20); e pede para depor toda a violência nos pensamentos, nas palavras e nas obras quer para com o próximo quer para com a criação.»

Que o Ano de 2020 seja verdadeiramente um Ano de Paz, vivido com um profundo sentimento de fraternidade, de diálogo, de partilha, de preocupação pela terra como a nossa Casa Comum.

Bom Ano 2020 para todos, com as bênçãos do Senhor da Paz e da Justiça.